quarta-feira, 25 de maio de 2022

Dia de África, partilha de ’African Dream’

 


Dia de África, partilha de ’African Dream’25 maio 2022

Quero novas imagens neste solo de Cabo Verde africana nação crio(u)la, de todas as cores e tons da universalidade. African Dream, a África com novas imagens que ressumam as nossas alegrias. As alegrias duradouras que resultam de uma visão própria, concretizada numa planificação, vontade executiva, empreendedorismo unindo a ação coletiva.

Dia de África, partilha de ’African Dream’

O tema do American Dream, por vezes combinando ’sodade’, ’separason’, ’dzuspér’, ’seka’, ’fome’, ’partida /ora di bai’, ora em aliança ora em antinomia, avulta dentre a diversidade de temas tratados na música – e a partir dos quais muitos de nós, dentro e também fora do país, construímos uma certa imagem de Cabo Verde.

Partir é realizar um sonho, mas com a esperança de voltar. Porquê? Que sonho levou este a sair, viver meio século fora e de olhos postos nesta casinha branca para lhe receber os ossos? Pergunto-me neste sábado à tarde, no alto da saudade derradeira. A sua última estação onde um familiar veio depor por ele, querido extinto, a sua cruz, agora não literal e só metafórica: as últimas cinzas.

Daqui avisto o centro da antiga Povoação de Santa Cruz, foz de duas ribeiras. Como as viu a primeira caravela, das vindas da costa, nesse dia 17 de Janeiro da Era de Quatrocentos. Navegando ao vento por este mar, única saída duma Europa com fome – de fome literal e também metaforicamente faminta, vendo a miragem milenar do Jardim das Filhas do velho Héspero, Insulae Fortunatae, Hesperitanae Insulae. Insula, ilha a oeste, avistada do mar na caravela vinda vendo real mais miragem e sonho projetados. Rica África.

Daqui, metafórica janela, também tenho neste domingo, Dia de África, vista para o mundo. Da minha janela interior, o meu olhar é global para este presente e futuro informados pelo conhecimento do passado. As idas e vindas vendo da janela: “na Merca de nôs sonhe/na Merka de nos sonhe” não são só os tiroteios ou mais um suicida interpelando o Pai, nem são mais uns drones lançados sobre amigos de ontem. Desta vez, são as denúncias pelo diário novaiorquino mais respeitado: nestes últimos cinco anos, mais de dois milhões de imigrantes ilegais, a maior parte africanos, foram, estão a ser deportados. Um lustro que marca um triste recorde!
Mas há mais: enquanto esperam a hora da deportação são encerrados em centros de detenção onde podem esperar semanas, meses e anos. E para que esses centros funcionem, é o próprio Governo Federal que está a utilizar a mão-de-obra aí à mão de semear. Tudo de acordo com a lei, que é da Era McCarthy, sem correção monetária. Tudo legal: se a lei diz que o trabalho do detento pode ser remunerado, a paga é de um dólar por dia de trabalho. Se a lei não prevê pagamento em dinheiro, faz-se em espécie, por exemplo, xis dias de trabalho em troca de um dia fora, num centro de recreação supervisionado. American Dream crio(u)lo?! Vou mudar de chip!

Daqui também neste domingo, Dia de África, partilho o meu African Dream e garanto a quem me lê que todos os dias ponho uma pedrinha para realizar este desafio:

Quero novas imagens neste solo de Cabo Verde africana nação crio(u)la, de todas as cores e tons da universalidade. African Dream, a África com novas imagens que ressumam as nossas alegrias. As alegrias duradouras que resultam de uma visão própria, concretizada numa planificação, vontade executiva, empreendedorismo unindo a ação coletiva.

(in ScientiaEtPoesia.blogspot.com, 1ª publicação 24.mai.014)

PS: Na hora de ilustrar, ao fim de horas a dar voltas, a decisão recai sobre esta sublime peça de arte de Julie Mehretu, do Quénia.

terça-feira, 24 de maio de 2022

Verba da ortografia — ’O desafio económico da ortografia’ no Dia do Professor Cabo-Verdiano

 

Verba da ortografia — ’O desafio económico da ortografia’ no Dia do Professor Cabo-Verdiano23 abril 2022

23 de abril, Dia do Professor instituído em memória de Baltasar Lopes. O centésimo-décimo-quinto aniversário calha ao sábado, que é bom para iniciar este ’Verba da ortografia’: secção que visa apresentar /anotar artigos publicados sobre a NNO-Nova Norma da Ortografia. Começamos com ’O desafio económico da ortografia’, de 09.maio 2019.

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Verba da ortografia — ’O desafio económico da ortografia’  no Dia do Professor Cabo-Verdiano

"Mas esse acordo ortográfico não foi invalidado"? Perguntaram-me em 2017. Voltaram a perguntar-me há dias uns jovens que disseram que uma professora da área lhes dissera que sim.

É verdade que as mudanças ortográficas têm suscitado muita reação epidérmica, e tal é compreensível se pensarmos no extraordinário esforço que para muitos de nós foi a aquisição das regras da escrita e em especial das regras ortográficas. Saiu-nos do pelo/da pele, dirão os mais velhos, cobaias das velhas pedagogias.

As reformas ortográficas são as responsáveis pelo estado caótico da ortografia. Esta é uma ideia defendida em épocas diferentes e em diferentes línguas.

É verdade que as mudanças ortográficas têm suscitado muita reação, e tal é compreensível se pensarmos no extraordinário esforço que para muitos de nós foi a aquisição das regras da escrita e em especial das regras ortográficas.

O maior poeta do século XX, Fernando Pessoa, nunca se adaptou à escrita de 1911 e suas sucessivas revisões. Todavia, há mais de 30 anos que é tema obrigatório do exame que permite entrar para a universidade. Claro que o tiveram de atualizar! Mas se alguém ousasse tal tipo de atualização neste ’paralelo 14’, a Laureta assentaria o pelo/a pele.

Mesmo tendo começado por escrever "mãe", depois "mãi" e de novo "mãe", Saramago encontrou o caminho facilitado. Tanto assim foi que acelerou na estrada... só para chegar a novas pontuações, só suas – o que para mim é, na prosa, falta de bom senso.

Nada substitui os 99% de transpiração

Gosto muito de citar o célebre ditado de Mérimée, que em 1857, ao testar, a pedido da imperatriz Eugénia, os conhecimentos de cinco notáveis levou-os a dar em 180 palavras respetivamente 75, 62, 14, 19 e 3 erros. Por esta ordem: o imperador Napoleão III, a sua imperatriz, Eugénia, os escritores Alexandre Dumas Filho e Octave Feuillet, o embaixador da Áustria, Metternicht. Note-se que o austríaco tinha como língua materna o alemão, de escrita mais fonético-fonológica, tal como, segundo reza a CRCV, as nossas duas “línguas nacionais” (a materna em curso de ser escrita em alfabeto cabo-verdiano, que alguns chamam, se bem que démodé, ‘alupec’).

Empresas em França têm por tradição instituir programas formativos que visam incentivar os seus funcionários a escrever bem. E no entanto, raro é encontrar com a virtude intacta (de erros) as atas ou memos, já para não dizer os relatórios. Como se pode ler nos online nem a mais simples nota consegue chegar ao destinatário virgem (de erro).

A culpa é das regras da língua em questão? E se a resposta for que na aprendizagem nada substitui os 99% de transpiração?

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Notas ao supra: A continuar

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Tríplice Aliança é neologismo ?

Neste maio de incerteza, ressurge-nos o "neologismo" Tríplice Aliança/tríplice aliança -- que as obras de referência associam às guerras europeias de fins do século XIX. Mas no mesmo sábado e domingo, a webesfera traz de volta a expressão, para referir duas realidades diferentes:  a guerra na Ucrânia e  a situação criada por uma imigração ilegal de alemães no Paraguai. Logo que possível, publicarei aqui um artigo elucidadtivo. Por enquanto, note-se o uso metafórico da expressão no artigo a seguir.


Japão recebe G20 sob pano de fundo da crise da Nissan-Renault23 abril 2019

O primeiro-ministro japonês anfitirião da cimeira do ’Grupo dos Vinte’ em junho iniciou em Paris esta segunda-feira, 22, o périplo mundial de preparação que o vai levar, durante os próximos dias até 29, aos Estados Unidos, Canadá, Itália, Bélgica e Eslováquia.

Japão recebe G20 sob pano de fundo da crise da Nissan-Renault

A Cimeira G20 2019 é organizada pelo Japão e terá lugar na terceira maior cidade, Osaka, a mais industrializada. Em 2018 foi a capital argentina, Buenos Aires enquanto no anterior foi Hamburgo a cidade portuária alemã.

Nas presidências chinesa, turca e australiana, respetivamente de 2016, 2015 e 2014 também não foi a capital a sediar as cimeiras mas Hangzhou, Antalya, Brisbane. Em 2013, a presidência russa sediou o evento na capital, Moscovo, tal como em 2010 e 2008( a 1ª) nas presidências sul-coreana, inglesa e americana com a cimeira a ter lugar em Seul, Londres e Washington, respetivamente. Mas em 2012, 2011, 2010, 2009 nas presidências mexicana, francesa, canadiana (a meias com a Coreia do Sul) e americana (2ª vez) também não foi a capital a sediar as cimeiras, mas respetivamente Los Cabos, Cannes, Toronto e Pittsburgh.

O Japão no vigésimo aniversário do G20 preside, pois, ao organismo fundado em 1999 para concertar políticas financeiras entre os seus vinte membros — Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, África do Sul, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Indonésia, Itália, Índia, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.

França-Japão no meio da crise da Renault-Nissan-Mitsubishi


A menos de dois meses do grande dia que em junho vai reunir em Osaca/Osaka os vinte países, Abe faz uma jornada de uma semana à França, Estados Unidos, Canadá, Itália, Bélgica e, algo surpreendente, à Eslováquia.

O encontro Macron-Abe acontece sob o pano de fundo da crise que, com a prisão do super-presidente Carlos Ghosn, se abriu na tríplice aliança das multinacionais automobilísticas Nissan-Renault-Mitsubishi.

O brasileiro Ghosn, e trinacional francês e libanês, foi no último dia 4 detido pela quarta vez no caso de corrupção de que é acusado pela Nissan — marca que ele salvou da falência há 20 anos. Ele clama a sua inocência e aponta que há traição por parte da direção da Nissan para evitar a fusão por ele idealizada entre a marca japonesa e a francesa.

Cimeiras de Osaka e de Biarritz

O primeiro-ministro Shinzo Abe exerce a presidência japonesa do G20 e como tal será o anfitrião da ‘Cimeira G20 de Osaka’, a 13ª desde 2008, prevista para junho próximo.

A presidência francesa do G7 está por seu turno a organizar a Cimeira G7 de Biarritz, agendada para fins de agosto.

A reunião Abe-Macron desta terça-feira tem o objetivo, segundo o palácio do Eliseu, de “consolidar os intercâmbios bilateraies à volta de três eixos: a cooperação na zona do Pacífico, as parcerias na indústria e na cooperação económica, e a prossecução das trocas culturais, na continuidade da iniciativa ’Japonismes 2018’ e na organização em 2021 da iniciativa cultural francesa no Japão”.

Abe segue para os Estados Unidos onde desde o dia 15 arrancaram as negociações comerciais entre Washington e Tóquio/Tokyo, para tentar chegar a um acordo bilateral, enquanto que o presidente Donald Trump ameaça impor taxas aduaneiras ao setor automobilístico.

Japão: Novo imperador Naruhito em histórica ascensão ao trono — Trump é convidado

O primeiro de maio, daqui a nove dias, marca a ascensão ao trono do novo imperador que recebe a coroa imperial do pai vivo, Akihito.

O presidente Trump tem a intenção de ser o primeiro chefe de Estado a encontrar-se com o novo imperador.

Fontes: Le Monde/Japan Times/Bloomberg/. Fotos (Reuters). 1ª. Carlos Ghosn em vídeo durante conferência de imprensa do dia 9 em que esteve ausente: “Se estão a ver este vídeo é porque fui de novo detido”. 2ª. Macron e Abe em outubro em Paris, poucos dias antes da primeira detenção de Ghosn, em novembro transato.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Etiópia: PM Nobel da Paz manda tropas fazer guerra em Tigray

 

Etiópia: PM Nobel da Paz manda tropas fazer guerra em Tigray08 dezembro 2020

O primeiro-ministro "reformista" Abiy Ahmed que aos 43 anos recebeu o prémio Nobel da Paz de 2019 — e discursou sobre "a guerra que faz os homens amargos, desalmados e selvagens" — está a realizar uma operação bélica na região rebelde de Tigray. Motivo: o Governo de Transição de Tigray declarado pela Casa da Federação Etíope em 7 de novembro.

Etiópia: PM Nobel da Paz manda tropas fazer guerra em Tigray

O conflito estalou em novembro, cerca de dois meses após o governo regional na província nortenha de Tigray ter levado avante a consulta popular, em 9 de setembro, contra a recomendação do governo federal. O surto pandémico em curso foi a justificativa para adiar até setembro de 2021 as eleições gerais — legislativas e eleição presidencial — previstas há dois anos para terem lugar em agosto deste ano.

A decisão do governo federal etíope — apoiado pelo partido EPRDF-Frente Democrática Revolucionária do Povo da Etiópia e contestado pelos partidos da oposição pela alegada má gestão da pandemia de Covid-19 (atualmente com 1.755 óbitos e mais de 113 mil infeções) — foi enviar tropas das províncias "etíopes" e da Amhara.

A atribuição de cargos dirigentes a funcionários do grupo étnico Amhara, à medida que as tropas conquistam partes do território Tigray, em nada contribui para solucionar o conflito armado sobre o qual há duas versões.

Uma versão dá conta de que pelo menos três centenas de civis morreram, enquanto o chefe do governo garantiu ao parlamento na última segunda-feira, que os soldados federais não mataram um único civil no conflito iniciado há um mês. Outra garantia foi que o exército federal tem instruções para não destruir a histórica Mekelle, a capital da província de Tigray.

A presidente, as dez ministras em paridade e cargos relevantes

Há dois anos, a tomada de posse da primeira presidente, e atualmente a única chefe de Estado em toda a África, coincidiu com a remodelação paritária que o primeiro-ministro "reformista", Abiy Ahmed — Nobelizado pela sua "iniciativa decisiva", "para solucionar o conflito com a Eritreia — realizou e torna a Etiópia o terceiro país em África, depois do Ruanda e Seychelles, a alcançar a "paridade de género" no governo.

Sahle-Work Zewde — então representante especial do secretário-geral das Nações Unidas e com um importante currículo de diplomata, como embaixadora em França, Djibouti, Senegal e Cabo Verde — foi escolhida por unanimidade pelos parlamentares, para substituir o quarto presidente — Mulatu Teshome, de 53 anos, que não concluiu o mandato de seis anos por motivos que nunca foram divulgados — a quem o discurso inaugural da novel presidente, de 68 anos, dirigiu elogios com o apelo ao povo "para olhar o futuro como o anteviu Mulatu Reshome".

Em 5 de outubro, a chefe de Estado etíope esteve no parlamento, em Adis Abeba, para assegurar que as próximas eleições acontecerão antes de setembro de 2021 e serão "livres e justas". Garantiu que estão a ser criadas as condições — incluindo a renovação da comissão eleitoral — para o plebiscito decorrer "em paz, estabilidade e segurança".

No mês seguinte, o conflito em Tigray compromete as afirmações da estadista.

Ministra da Defesa, ministra da Paz

Um ano depois, correm pelo globo interrogações sobre as nomeações mais importantes do governo partitário de Abiy Ahmed: as ministras da Defesa, Aisha Mohammed, e da Paz, Muferiat Kamil, responsável pela "polícia e agências de inteligência interna".

Fontes: BBC/Le Monde/CGTN. Relacionado: Etiópia elege 1ª Presidente da República, 26.out.018; Etiópia: Nobel da Paz para primeiro-ministro que solucionou conflito com Eritreia, 12.out.019. Fotos (Getty): Em Oslo o primeiro-ministro recebeu o Prémio Nobel da Paz de 2019 e discursou sobre "a guerra que faz os homens amargos, desalmados e selvagens".

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Atualidade

 朝鲜:30个月后第一例Covid-19病例抵达

Coreia do Norte: 1º caso de Covid-19 chega 30 meses depois12 maio 2022

Pyongyang anunciou hoje um confinamento nacional, devido aos primeiros casos de Covid registados na capital. A República Norte-Coreana terá durante mais de dois anos conseguido evitar a entrada do coronavírus de 2019 que abalou o mundo.

Coreia do Norte: 1º caso de Covid-19 chega 30 meses depois

A informação divulgada pela estação oficial (foto) foi de imediato difundida e comentada globo fora, com a imprensa "ocidental" a prognosticar as desastrosas consequências da Covid-19 nas ambições da Coreia do Norte.

Além do confinamento, Kim ordenou neste mesmo dia (quinta-feira, 12) mais um lançamento de um míssil intercontinental. A resposta a antecipar os prognósticos sobre um "efeito de tsunami nas ambições nucleares" do país tido como o mais secretivo de todos.

Zero vacinas anti-Covid

Como irá a República Norte-Coreana combater a Covid-19, dado que o país não aderiu às medidas de prevenção traçadas pela OMS?

Dúvidas

A afirmação de que "a República Norte-Coreana durante mais de dois anos conseguiu evitar a entrada do coronavírus de 2019", um caso (quase) único no mundo tem sido recebida com muito ceticismo ao longo deste tempo.

Em setembro último, a imprensa oficial norte-coreana informou que tinham sido "aplicadas penalizações a funcionários que infringiram as regras sobre a Covid". Não foi porém especificado do que se tratava.

Fontes: BBC/KCNA/SCMP. Fotos: Imagens de desinfestação estão a ser difundidas nos media norte-coreanos. Ao anunciar os primeiros casos de Covid-19 esta quinta-feira, o presidente Kim Jong-Un apresentou-se pela primeira vez a usar a máscara anti-Covid.


--- cháo xiǎn :30 gè yuè hòu dì yí lì Covid-19 bìng lì dǐ dá 

terça-feira, 10 de maio de 2022

Missão chinesa regressa do Espaço

 


Estação Espacial Internacional, paz ou guerra no espaço?

China poderosa no espaço: 3 regressam da estada mais longa na estação espacial Tiangong

Este sábado de Páscoa, três astronautas do projeto Tiangong regressaram à Terra ao fim de 183 dias no espaço. É a mais longa missão tripulada da China ambiciosa de ser a próxima potência espacial.

A TV estatal, CCTV, transmitiu em direto do deserto de Gobi, na região norte da Mongólia Interior, a chegada às dez e meia (menos 09 H em Cabo Verde) da cápsula espacial Shenzhou-13 com os astronautas Zhai Zhigang e Ye Guangfu, e a astronauta Wang Yaping.

Os três astronautas — resgatados de helicópteros do local de pouso, por entre uma nuvem de poeira — afirmaram que estão "a sentir-se otimamente", neste seu regresso depois de passarem seis meses no módulo central Tianhe/Harmonia do Céu, da estação espacial chinesa Tiangong.

Marcos da missão

Para a história regista-se que Wang Yaping — de 42 anos e piloto de transporte militar — é a primeira chinesa a realizar uma caminhada espacial. Treze anos depois do primeiro chinês, precisamente Zhai, hoje com 55 anos.

Zhai, que comandou esta missão, é um ex-piloto de caça. Ye, de 41 anos, é também piloto militar.

Nos seis meses em órbita, desde outubro, o trio completou duas caminhadas espaciais, realizou inúmeros experimentações científicas, montou equipamentos e testou tecnologias para futuras construções.

Também deixam preparados as instalações e equipamentos da cabine para a tripulação do Shenzhou-14, previsto para ser lançado nos próximos meses.

Eles foram a segunda das quatro missões 2021-2022 enviadas para montar a primeira estação espacial permanente chinesa, Tiangong/Palácio celestial.

Aulas de física para liceaisRetour ligne automatique

O trio também lecionou a primeira aula transmitida da estação espacial. Os alunos que assistiram vão poder em breve ter acesso aos materiais utilizados nessa videoaula.

Estação Espacial Internacional, paz ou guerra no espaço?Retour ligne automatique

As ambições espaciais da China traduzem-se já em biliões de dólares que colocou no programa espacial militar, com esperanças de ter uma estação espacial permanentemente tripulada até o final deste ano.

É inevitável a colisão com os interesses da primeira potência, que proibiu a NASA de cooperar com o rival. Isso foi logo em 2011 — o ano do lançamento do projeto Tiangong, cujo primeiro módulo virou notícia quando "caiu descontrolado em 03 de abril de 2018, no Pacífico Sul".

A segunda maior economia — com planos de igualar-se aos EUA e Rússia, que têm décadas de experiência em exploração espacial —tem o objetivo imediato de construir uma base na Lua, e a Administração Espacial da China conta lançar uma missão lunar tripulada até 2029.

Nesse contexto competitivo, a China não tem planos para usar a estação espacial em cooperação global na escala da ISS, mesmo se diz estar aberta à colaboração estrangeira. Mas sem precisar como e até onde pode ir essa cooperação.


Fontes: Xinhua/ STR/AFP/ABC/ Fotos: Xinhua/arquivo