sábado, 11 de outubro de 2014

Ébola ou (falso) nativo: uma questão de tom? (2)
O que predomina nestas línguas, acima: a adaptação ou a conservação?

Para responder, há que procurar compreender se é possível estabelecer uma comparação entre o sistema acentual,  que mostramos acima,  e o da língua original dos habitantes da região banhada pelo rio Ébola. Por outras palavras, como é que os habitantes ribeirinhos ao Ébola pronunciam esse nome.
(A continuar)

sexta-feira, 10 de outubro de 2014


Ébola ou (falso) nativo: uma questão de tom?

 

É um vírus e está no centro da atualidade mediática, a nível  mundial. Em todos os meios de comunicação, encontramos destacada a nova epidemia causada pelo Eboravirus (em Latim científico), do nome do rio que banha a localidade onde foi detetado o primeiro caso  em 1976.

Aos lusofalantes, e não só aos que têm o ouvido treinado em Linguística, desperta irresistivelmente a sua atenção o facto de que há duas formas fonéticas que têm surgido na Língua Portuguesa. Ébola, esdrúxula (a de Portugal: P1). Ebola, grave (a do Brasil: P2). Querem compreender porquê as  diferenças  e sobretudo saber como devem dizer. Qual está correta? Ou é correto dizer das duas maneiras? O meu corretor só dá erro na segunda forma, mas já sei que nem sempre tem razão. Toca a examinar o assunto:

 Como é que as línguas de maior difusão internacional acentuam esta palavra (e-bo-la)?

Tipo de acento em
Português 1
Português 2
Espanhol
Francês
Inglês
1
2
1
3
1

1.       Acento na primeira sílaba. 2. Na segunda. 3. Na terceira.  

(N.B.: Se o francês generalizou a sua regra acentuando sempre a última sílaba, diferente têm evoluído o português, espanhol e italiano: nestas línguas novilatinas com regras de acentuação semelhantes, “1” corresponde, neste caso, a uma acentuação esdrúxula (proparoxítona na terminologia científica atual). Contudo a classificação deste tipo de acento não serve ao inglês (que em regra acentua a primeira sílaba), dada a estrutura gramatical, e especificamente fonológica, diferente.)

O que predomina nestas línguas, acima: a adaptação ou a conservação?

Para responder, há que procurar compreender se é possível estabelecer uma comparação entre o sistema acentual,  que mostramos acima,  e o da língua original dos habitantes da região banhada pelo rio Ebola. Por outras palavras, como é que os habitantes ribeirinhos ao Ebola pronunciam esse nome.
(A continuar)

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Mon pays est une musique, 1 de outubro

Dia Internacional da Música hoje.
Celebrado pela primeira vez em 1975.
Mon Pays est une musique e Tude criston/kriston/ cada um tem a sua.  A dela nasceu numa noite de sono rebelde que massacra pai-e-mãe. Cantava rimando em òla, do Vocativo das duas criaturas "más cercanas" do seu primeiro ano.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Acordo Ortográfico (AO) - um Acordo de Contactos

2/7/2010, 10H20-10H40. Comunicação: Acordo Ortográfico (AO) - um Acordo de Contactos
O que muda com a nova ortografia?
Este é o tema da presente comunicação.

1. Porquê o título desta comunicação? “Contactos” define-se como os sucessivos encontros, desde há 550 anos, entre os povos e culturas dos Oito países que têm em comum a Língua Portuguesa.  Língua comum, una e diversa. Diversidade que enriquece e Unidade que fortalece,  no competitivo contexto da afirmação mundial. Dada a existência de duas normas para uma mesma língua, os lusófonos discutem a necessidade, ou não, de uma ortografia competitiva, sem as atuais divergências entre a norma de Portugal, que tem regra geral sido também a de Cabo Verde e maioria dos PALOP, e, por outro,  a do Brasil. O Acordo Ortográfico discutido ao longo de mais de 20 anos e agora ratificado está em curso e tem prazo para a sua generalização: até 2014.
2. O que é o Acordo Ortográfico?
É um encontro de vontades, entre pessoas que são as Partes, diferentes mas igualmente dignas. Elas estão dispostas a dialogar para encontrar uma solução para uma ou mais divergências. É (será) o que acontece(rá) no caso…
2.1. Prós e contras
Apresenta-se um ponto (P) seguido de comentário (C) às mudanças mais visíveis, incluindo (de 6º a1..º) as explicitadas nas vinte e uma Bases do Acordo:

(P)A partir de Janeiro de 2008: ortografia unificada nos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
(C)AOS PRIMEIROS QUE ASSINARAM - BRASIL, CABO VERDE, SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE _ JUNTOU-SE DEPOIS PORTUGAL, QUE, EM FEVEREIRO DE 2008, ASSINA FINALMENTE.
(NO ENTANTO HÁ QUEM PREVEJA QUE  NÃO VAI SER NOS PRÓXIMOS ANOS QUE EM PORTUGAL SE VAI UNIFORMEMENTE ADO(P)TAR AS MODIFICAÇÕES).

(P) A alegação de que “O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol, e que a ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais”,
(C) MERECE O COMENTÁRIO DE QUE HÁ LÍNGUAS, COMO O INGLÊS, O ALEMÃO E O FRANCÊS, QUE TÊM DUAS ORTOGRAFIAS - SÓ UM EXEMPLO, DENTRE MUITOS: REALIZE(EUA)/REALISE(INGL)/
Nota bene: Afeta ou não o sucesso ascendente do inglês? portanto a questão será de outra ordem, não?

(P) Também à alegação, brasileira, de que “Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros”, MERECE O COMENTÁRIO DE que NÃO HÁ LÍNGUA QUE  - PARA EXAMES E CERTIFICADOS- TENHA CRITÉRIOS MAIS CLAROS DO QUE O INGLÊS. SE ESTAMOS A COMPARAR, ENTÃO PODÍAMOS SEGUIR O MESMO PROCEDIMENTO. ESCOLHER PORT. (P) - PORT. (B).

(P) Com as modificações propostas no acordo, calcula-se
que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: em 0,45% das palavras ter-se-á a escrita alterada.
ESTES NÚMEROS TÊM DE SER CONFERIDOS... Para já, há quem diga que são mais e que reaja em consonância com a diferença percentual.

(P) Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.
(C) NESTES 100 ANOS HOUVE MAIOR MUDANÇA DO QUE AS COMEÇADAS EM 1911, E TRÊS DECÉNIOS DEPOIS MODIFICADAS E RATIFICADAS (ACORDO DE 1943-45) ENTRE PORTUGAL E BRASIL? E, NO ENTANTO, A LÍNGUA NÃO MUDOU... TAMBÉM NEM TODOS OS QUE ESCREVIAM ADERIRAM LOGO E MUITOS HOUVE QUE NUNCA ADERIRAM (PESSOA ESCREVEU SEMPRE PORTUGUEZA, PHARMACIA, THESOURO, SYLLABA, E DECERTO QUE ISSO NÃO INFLUENCIAVA A PRONÚNCIA DE PORTUGUESA, FARMÁCIA, TESOURO, SÍLABA.
2.2.  O que vai mudar na ortografia em 2008:

(P)  As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros (e os outros) terão que escrever "abençoo", "enjoo" e
"voo".(Base.IX)
(C) ESTAS MUDANÇAS JÁ ESTAVAM NO ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945. NO PADRÃO DE PORTUGAL, EM  CERCA DE 800 VOCÁBULOS – EM MAIS DE 90% FORMAS VERBAIS – OCORRE O DUPLO "O", GRAFADAS SEM ACENTO GRÁFICO. MAS NO BRASIL, AS MAIS FREQUQNTES, ACIMA REFERIDAS, MANTÊM O ACENTO QUE FOI COMBINADO QUE NÃO SERIA UTILIZADO.

(P) mudam-se as normas para o uso do hífen no meio das palavras;
 O hífen vai desaparecer do meio de palavras, com exce(p)ção daquelas
em que o prefixo termina em `r´, casos de "hiper-", inter-" e
"super-". Assim passaremos a ter "extraescolar", "aeroespascial" e "autoestrada" (mas anti-histamínico, contra-argumento). (Base VIII)
(C) O HÍFEN /TRAÇO-DE-UNIÃO DAQUI NÃO SAI? MAS SIM SAIRÁ SEMPRE QUE NÃO SEJA NECESSÁRIO; ISTO, O ACORDO DE 1945 JÁ O PREVIA.
AS SEM DÚVIDA QUE ALGUNS DOS EXEMPLOS SÃO BONS: É BOM VER, ENFIM, “CABOVERDIANO”, “INFRAESTRUTURA”, “GEOESTRATÉGIA”.

(P) Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do substantivo dos verbos "crer", "dar", "ler","ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem";
(C) ESTAS MUDANÇAS JÁ ESTAVAM NO ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945. PORTUGAL NÃO CUMPRIU, O BRASIL TAMBÉM NÃO.

(P) - Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos";
(C) ESTAS MUDANÇAS JÁ ESTAVAM NO ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945. PORTUGAL CUMPRIU O COMBINADO, O BRASIL NÃO.
 10º
(P) - O trema (brasileiro) desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio;
(C)ESTAS MUDANÇAS JÁ ESTAVAM NO ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945; NO ENTANTO PREVIA-SE QUE O BRASIL PUDESSE CONTINUAR A USAR O TREMA.
AGORA DEIXA DE O USAR, O QUE É UM AVANÇO NA ECONOMIA DA ESCRITA, SIM. (SE O SERÁ NOUTROS DOMÍNIOS DA LITERACIA, NINGUÉM FALOU. MAS SE A OPÇÃO TIVER SIDO PELA FACILITAÇÃO DA APRENDIZAGEM INICIAL, AJUDA SIM, INICIALMENTE)
11º
(P)  - O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de
"k", "w" e "y";
(C) HÁ UMA MUDANÇA, SIM, MAS O ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945 PREVIA SÍMBOLOS E PALAVRAS IMPORTADAS GRAFADAS COM ESSAS 3 LETRAS.
12º
(P) - O acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição)(Base IX).
(C) É UM AVANÇO NA ECONOMIA DA ESCRITA, SIM. (SE O SERÁ NOUTROS DOMÍNIOS DA LITERACIA, NINGUÉM FALOU. MAS SE A OPÇÃO TIVER SIDO PELA FACILITAÇÃO DA APRENDIZAGEM INICIAL, AJUDA SIM, INICIALMENTE)
13º
(P) –Nesta uniformização  acordada, o padrão do Brasil eliminará o acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia". Tal como no Brasil, em Portugal o corre(c)to será assembleia, ideia, heroica e jiboia.
(C) EM RELAÇÃO AO DITONGO "EI", AS MUDANÇAS JÁ ESTAVAM NO ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945; NO ENTANTO PREVIA-SE QUE O BRASIL PUDESSE CONTINUAR A USAR O ACENTO EM TAIS CASOS. AGORA DEIXA DE O USAR, O QUE É UM AVANÇO NA ECONOMIA DA ESCRITA, SIM.
 14º
(P) - Em Portugal, desaparecem da língua escrita o "c" e o "p" nas palavras  onde ele não é pronunciado, como em "acção", "acto", "adopção",e "baptismo". O certo será ação, ato, adoção e batismo (Base IV).
(C) AGORA DEIXA DE O USAR, O QUE PODERÁ SER UM AVANÇO NA ECONOMIA DA ESCRITA. NO ENTANTO, EM PORTUGAL, O "C" E O "P" DITOS MUDOS TÊM UMA FUNÇÃO DISTINTIVA NA PRONÚNCIA: PERMITEM MARCAR A DIFERENTE ALTURA DA VOGAL. O QUE NÃO ACONTECE NO BRASIL. MAS SE SE QUER UNIFICAR… ALGO SE TEM DE PERDER PARA GANHAR.
Nota bene: A facultatividade aspeto / aspecto, contato / contacto, perspetiva / perspectiva existe na norma brasileira. Contudo, na norma europeia continua-se a considerar a regra da não-facultatividade no caso de contacto. Escreva como diz: contacto. Diga como escreve: contacto.
 15º
(P)  - Também em Portugal elimina-se o "h" inicial de algumas palavras, como em "húmido", que passará a ser grafado como no Brasil: "úmido";
(C) MAS QUANTAS PALAVRAS TÊM "H" INICIAL - E VÃO MANTÊ-LO? SÃO MESMO MUITAS (MAIS DE 99,9%). O MESMO ACONTECE NO BRASIL. MAS SE SE QUER UNIFICAR A PALAVRA ... TUDO BEM, TANTO MAIS QUE JÁ EXISTE A PRÁTICA DE FORMAS DERIVADAS COMO “DESUMIDIFICAR”, ETC. DADO QUE AINDA ESTÁ POR CRIAR UM ÚNICO “VOLP” – VOCABULÁRIO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA, DEPRENDE-SE QUE SÃO CORRECTOS COGNATOS COMO “HUMIDIFICADOR”, “HUMIDIFICAR”.
 16º
(P)  - Portugal mantém o acento agudo no “ e” e no “o” tónicos que antecedem “m” ou “n”, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus, tónico/tônico (Base XI).
(C) É DE BOM SENSO QUE NÃO SE QUEIRA UNIFICAR A QUALQUER CUSTO, DADAS AS DIFERENÇAS NA PRONÚNCIA.

2.3. Cronologia de Acordos (datas a) a d)
a) Com a queda da Monarquia, podia-se enfim fazer a revolução ortográfica que havia séculos se discutia. Depois de quase quatro séculos do Português Arcaico e Médio, em que a escrita, sobretudo fonética, foi pouco sistemática, seguir-se-iam mais outros quatro séculos – do XVI até ao início do séc. XX – em que a ortografia (aliás “ortografia”, dada a ausência de sistematicidade) foi sobretudo etimológica (aliás, também “etimológica”) com a origem grega (real ou erradamente deduzida) se assinalava com os dígrafos th, rh “ch” – este, lido “k” –  “ph” lido f (“pharmacia”, “orthographia”, “diccionario”, “caravella”, “estylo” e “prompto”).
- Na República triunfante, podiam enfim emergir as mais fundas aspiraçoes e as decisoes mais ousadas. Assim, nesse mesmo ano de 1910, criou-se a Comissão para a Reforma da Ortografia e que incluía o próprio Presidente da República, o primeiro, Teófilo Braga. Decretava-se uma ortografia da língua portuguesa mais simplificada a ser usada em publicações oficiais e no ensino<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino>.
- Esta normalização ortográfica, republicana, acabou por ser institucionalizada, na metrópole, através da portaria de 1 de Setembro<http://pt.wikipedia.org/wiki/1_de_Setembro> de 1911<http://pt.wikipedia.org/wiki/1911>. De Cabo Verde, até onde os dados coligidos permitem perceber, a situação é idêntica. Em Angola, a lei foi institucionalizada a 13 de Abril de 1912, talvez aproveitando a mudança no governo-geral de Angola()1).
A reforma incidia sobre a simplificação das  consoantes geminadas, os grupos [ph], [th], [rh], ch que com o desaparecimento da letra “h” passaram a f, t, r,c/qu (chronica, chimica), a sistematizaçao no uso dos acentos gráficos – fosse para assinalar a sílaba tónica sempre que oxítona ou proparoxítona, fosse para diferenciar a natureza vocálica.
b) - Da Convenção Ortográfica entre P e B, realizada em Lisboa<http://pt.wikipedia.org/wiki/Lisboa>, em 1943<http://pt.wikipedia.org/wiki/1943>, saiu o Acordo Ortográfico de 1945 (como comentado (C) em 2.2).
c) - Em 1971<http://pt.wikipedia.org/wiki/1971>, surge um novo acordo entre o Brasil<http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil> e Portugal<http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal>, que aproximou um pouco mais a ortografia dos dois países, ao suprimir os acentos<http://pt.wikipedia.org/wiki/Acento> gráficos responsáveis por 70% das divergências entre as duas ortografias oficiais;  os acentos fonéticos (chamados  diferenciais, consoante a terminologia) presentes nas palavras homógrafas; e aqueles que marcavam a sílaba pré-tónica nos vocábulos derivados com o sufixo [mente] ou iniciados por “z”(pèzinho)
d) 2010 (discutida desde 1986): 1. Vocabulário – PE: 1,6%; PB: 0,45%. Acentos gráficos simplificados: -eem, para (Verbo torna-se homógrafo da Preposição); apesar de grande uniformização (batismo, exceto, ótimo, redator) alguma dupla grafia PE/PB vai continuar (sinónimo/sinônimo), algumas mudanças serão mais visíveis em PE (receção/recepção).

CONCLUINDO:
A. O que muda com a nova ortografia
. novos vocabulários e dicionários (formato impresso e ele(c)trónico / digital)
.
O que é que muda com o novo Acordo Ortográfico? Ponto de Interrogação em dez pontos:

1. Muda a fala se mudar a escrita?
Para já, Angola continuará a dizer Cabo V(é)rde, onde o Brasil enrola Ve(rr)d(ji), nós, em Língua Oficial, code-shiftamos para Verde onde Portugal diz o mesmo que nós, entre outros.
2. Vamos continuar a dizer caboverdiano e a escrever cabo-verdiano. Se.
3. Mas continuará Angola a dizer faCto se lhe chegam fato nos manuais do Brasil? Cabo Verde a dizer corr(é)tor, diferente de corr(ê)tor? Portugal continuará a dizer rec(é)ção, diferente de rec(ê)ssão?
4. Se escrevemos, sem acentos escritos, desde voo, enjoo (Brasil), veem, deem, leem? A grafia torna-se mais leve, tecla-se mais fácil, ! Mas em “Falta de areia para obras na ilha”, para é verbo ou preposição?
Faz ou não faz diferença, dificulta ou não a falta do acento gráfico em certos casos?
5. É certo que o Grande Medo de que o Acordo ortográfico implique uma radical mudança na Língua Portuguesa – pode ser esconjurado.  Afinal, não é a ortografia que faz a língua: apenas tenta disciplinar a escrita para que as ideias possam ser partilhadas.
6. Posso concordar quando sei que as medidas que estão a implementar não são assim tão importantes que possam levar a uma melhor solução para os problemas da escrita? (e nem sequer falo dos problemas da língua).
7. Posso concordar quando sei, também, que não são tãããããão importantes para a promoção do português no mundo?
8. Posso concordar quando sei, também, sim, que estes acordos são ditados por lógicas economicistas que a nós nos ultrapassam, pois ainda mal editamos, não e-editamos, e por este andar ...
9. Posso concordar quando vejo que estes são acordos que fazem uma pequena maquilhagem na língua mas obrigando  a grandes mudanças nos produtos Gutenberg –livros como gramáticas, manuais, dicionários, todo o texto impresso – agora no ciber-universo da edição (os correctores informáticos ... as diversas e-ferramentas novas que teremos de mandar e-trazer, e-comprar....)?
10. Posso não concordar quando os defensores do Acordo dizem que não, não vai haver mudança nenhuma só porque se escreve ação, redação, fatura (sem “c”), ótimo, receção, adoção, batizado (sem “p”, ) e que ficam o “c”,  e o “p”, em factual, ficção(P)ficção, e recepção (B).
B. O que não muda com a nova ortografia
Não muda a língua, porque a ortografia não é coincidente com a língua, é uma convenção à qual se submetem todos os que escrevem. E nem todos com o mesmo grau de desempenho, pois este depende sobretudo da preparação escolar, do interesse individual pela constante a(c)tualização:
Aliás, é a actualização exigida pela dinâmica da língua, de qualquer língua em uso, que leva à sua reforma. O que no entanto não significa que todas as línguas procedam a reformas. Pelo contrário, dentre as línguas de maior expansão universal, internacional o francês e o inglês raramente têm procedido a mudanças drásticas, nem sequer essas mudanças têm muita visibilidade. Existem Grémios Sportivos, há os que continuam a escrever caboverdeano, açoreano.
“Gosto da minha língua tal qual a escrevo, mas não posso impor a 150 milhoes de falantes os meus gostos pessoais”, disse um escritor.
 FIM
Universidades e o Futuro

 Primeiro dia na universidade. O professor dá a um estudante, caloiro, uma lista de livros para pesquisar sobre um (mesmo) assunto. Dentro do prazo, uma semana, o trabalho de síntese está pronto, mas o professor acaba por ficar preocupado: percebeu que o estudante era incapaz de emitir uma opinião sobre o assunto!
(...)

A partir da conversa com o professor, esse estudante percebeu o valor da universidade e como a educação superior está a ser cada vez mais importante para formar também para a cidadania, porquanto hoje e no futuro próximo existirá uma grande competição a nível intelectual. Por isso a educação superior é essencial para uma formação académica adequada e para obter uma grande competência, a todos os níveis.

E para isso é preciso aprender-se muito, com professores e com os colegas. Seja compartilhando (muito diferente de copiar), pesquisando e obtendo-se informações de grande utilidade político-sócio-educacional. Tudo isto envolve ainda um enorme esforço da parte dos estudantes.

Também lembrar que as universidades têm que se adaptar para acompanhar as exigências tanto a nível nacional como a nível estrangeiro, pois há um enorme número de estudantes a formarem-se fora do seu país, o que representa para o caso de Cabo Verde uma grande concorrência para termos a melhor formação académica.

Cada estudante quer ter a melhor referência possível na sua formação académica para enfrentar essa concorrência. Assim,  muitos deles hoje já procuram o Mestrado e o Doutoramento, uma vez que a Licenciatura não será bastante num futuro próximo)
Daí se diz que, no futuro, a educação superior vai estar a um nível tão avançado que não vai mais depender do Estado, o que será muito bom pois será toda a economia que irá mudar.

(Fevereiro/2009. Temas para discussão em LP3. 2º ano EI)

sábado, 2 de agosto de 2014

Anos da língua


A minha língua tem a minha idade.
língua que a criança aprende tem a  mesma idade que ela.

língua que o meu melhor amigo fala, tem a idade da nossa amizade.

(Para resumir os 800 da LP. Para quê repisar o que está no post de junho último (descer um pouco)?

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Neste dia da Mulher Africana:




SUBSÍDIOS PARA UMA TOPONOMÁSTICA AFRICANA

Dos nomes geográficos e sua relação com a linguística

A definição de um corpus para uma toponomástica africana começa por algumas decisões concernentes às áreas disciplinares que terão de ser examinadas. Assim, além de decisões relativas a uma escolha de entre as várias disciplinas (como é a África percepcionada pelos africanos, tal como se manifestará na oratura, a rica e ainda incipientemente estudada tradição oral) que nos podem apontar caminhos para uma interpretação da toponímia deste continente avulta decerto uma reflexão sobre as componentes da área linguística, como a  Etimologia e a Semântica. Aqui, aliás, ultrapassam-se questões relativas às estruturas propriamente ditas (embora não as descartemos de todo).
Podemos começar por apontar que linguisticamente, de facto, estamos perante uma realidade de Jano. Primeiro, a diversidade linguística, com cerca de mil línguas, excluídos os dialectos: depois da América pré-colombiana, a África é o continente mais poliglota, embora apenas poucas dezenas dessas línguas tenham mais de um milhão de falantes. Uma diversidade correspondente ainda a uma distribuição de espaços bastante ampla, isto se apenas nos ativermos ao critério “línguas”, descurando assim a sua filiação a uma das sete famílias de línguas cientificamente definidas. Perante mapa tão retalhado não é de admirar que o continente apresente tantas línguas veiculares – o suaíli, a oriente, o haussa a ocidente, o lingala e quicongo/kikongo na RD Congo, o fanagalo nas minas sul-africanas, o amárico na Etiópia, o árabe na África do Norte. Também a influência dos conquistadores e suas línguas (árabes a partir do século sétimo, os europeus desde o século Quinze...)
E, central  a tudo isto, está o facto de a maior parte das línguas africanas serem ágrafas e por isso se desconhecer uma boa parte das designações que foram tendo ao  longo do tempo, sítios e lugares. É, portanto, uma designação estranha que muitas vezes prevalece, dada por um geógrafo ou viajante movido por várias coisas, desde a curiosidade turística (passe o anacronismo) à expedição em busca de novos territórios e fontes de riqueza, ou mesmo o exilado político em degredo ou o criminoso em fuga. Assim, relatos em língua arábica, em grego – comummente organizados na literatura como descrições de geógrafos árabes, gregos – dão conta de lugares...

É neste contexto que se verifica uma etimologia variada para os nomes dos países africanos. A começar pela designação do continente:
África - A designação África procede  do grego aphrike ("sem frio") e foi primeiro aplicada ao Norte de África. À medida porém que a Europa foi descobrindo a sua extensão, o nome aplicou-se a todo o continente. A riqueza proverbial da África é o topos preferido nas primeiras descrições dos historiadores e geógrafos gregos e romanos e não é desmentida pelos inventários do império romano. Estes dão conta das quantidades extraordinárias de produtos agrícolas produzidos nos vastos domínios de proprietários romanos, sendo o imperador o maior dos latifundiários. Mas há mais, muito mais: pedras preciosas, mármores, tintas, essências, madeiras, animais e plantas exóticas. Produtos em bruto sobretudo, mas a arte em madeira e metais, a azulejaria decerto trazida por árabes  também existe.
Uma nota para os (17) Sahelianos: Benim, Burkina-Faso, Cabo Verde,  Camarões, Chade, Congo Brazzaville, Gabão, Gana, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Mali, Mauritânia, Nigéria, Níger, Senegal, Sudão e Togo.
Argélia – O país recebeu o nome da sua capital Argel (em Árabe, ا- Al-Jazair ("A Ilha"), em referência às ilhotas que outrora havia ao longo da baía desta cidade.
Angola –De Ngola, título do rei dos Quimbundos, povo que habitava um território hoje partilhado por três países -  Angola, RDCongo e RPCongo. Em 1482,  quando o marinheiro português Diogo Cão aportou na embocadura do Rio Congo, toda a região era administrada por dois reinos distintos: ao Norte o Bacongo e a oeste e centro o Quimbundo, também designado Ndongo. O soberano destes era o Ngola, e foi a partir desse título quimbundo que toda a região viria a ser nomeada Angola, incluindo três reinos - Angola, Benguela e Congo.
Benim - (Antiga Daomé). O nome vem do antigo reino nigeriano do Benim. O nome que teve do séc XVI, data da sua fundação pelos descendentes do fundador de Ifé, até à independência, em 30.11.1975, era Daomé, (pronunciado na língua ---Dan Ho Me "no ventre de Dan"). Este antigo reino situava-se a sul da actual República do Benim.
Botswana – Nome do grupo étnico predominante, os Tswana. Antiga Terra dos Bechuana. Bechauna é outra pronúncia para Botswana.
Burkina-Faso – Na língua Mossi significa "Terra dos Homens Incorruptíveis", nome que tem desde 1984 quando substituiu o de Alto Volta, este que era uma referência à sua localização geográfica relativamente ao rio Volta. Burkinabé.
Burundi – De Rundi, a língua falada em todo o território.
Camarões (Cameroon/Cameroun) – Do nome que os portugueses, aí chegados em 1471, deram ao actual rio Wuri, por terem visto aí muitos destes crustáceos. Camaronês.
Cabo Verde (Cape Verde/Cap-Vert) – Da designação dada por Dinis Dias, em 1444, ao ponto mais ocidental de África, originou-se o nome do país-arquipélago.
Centro-Africana, República
Chade – Do nome do lago, na sua fronteira sudoeste com a Nigéria.
Comores (ou "Comoros") – O nome deriva do árabe kamar or kumr, “lua”, e foi primeiro dado a Madagáscar, antes de o ser ao arquipélago a noroeste. As quatro  ilhas principais foram islamizadas no século XII e cada uma foi, desde então, um emirado autónomo, conhecido dos navegadores portugueses – que lhe chamaram o Comoro –desde inícios da era de Quinhentos. A autonomia manter-se-ia até à ocupação pelos colonizadores franceses, no século XIX, e só voltaria a ser plenamente reconquistada com a proclamação da independência do Estado das Comores, um dia depois da de Cabo Verde. 
Congo, RP – Do reino do Congo, do século XV, delimitado pelas duas margens do rio Congo, e que compreendia as actuais RP Congo, RD Congo, Angola e Zâmbia. Em 1482  quando o marinheiro português Diogo Cão aportou na embocadura do Rio Congo[3] toda a região era administrada por dois reinos distintos: ao Norte o Bacongo e a oeste e centro o Quimbundo, também designado Ndongo. O soberano destes era o Ngola, e foi a partir desse título quimbundo que toda a região viria a ser nomeada Angola, incluindo três reinos - Angola, Benguela e Congo. Línguas Nac:  lingala 50%,  monokutuba 30%,  lari 15% - todas bantu. Só cinco séculos depois, os Europeus se fixaram no território, com a Conferência de Berlim de 1885 a reconhecer o protectorado francês iniciado por Savorgnan de Brazza, em 1880 ao assinar um tratado com Makoko, o rei dos Bateke. Em 1908 fez parte da África Equatorial Francesa
Congo, RD – ex-Zaire, este o nome tradicional do Rio Congo. 
Costa de Marfim /Côte d'Ivoire /Ivory Coast – As primeiras refªs são da 2ª metade do século XV por negociantes europeus atraídos pela abundância de presas de marfim. E seria este produto a dar o nome ao território.  Diula, mandé, baoulé.
Djibouti - (Antigo Território dos Afars e Issas). Do nome do porto da sua capital.
Egipto - Do g. aigípan “Pã com pés de cabra”, sobrenome do deus romano Silvano, designava os habitantes de África, meio homens meio bodes. O actual território é, em termos geográficos, o descendente directo do Antigo Egipto.
Eritreia – Da expressão latina Mare Erythraeum, "Mar Vermelho", com que os italianos nomearam as suas colónias no Mediterrâneo, a partir de uma refª clássica, a da Eritreia, uma das doze cidades da Liga Jónica, depois Liga Délica. Possivelmente,não será de descurar umalenda relatada emPlínio segundo a qual as suas águas faziam crescer os cabelos, mas...  no corpo. Depois, Eritreia, nome que o país adoptou aquando da independência face à Etiópia. 
Etiópia – Os antigos gregos deram-lhe este nome que significa "faces queimadas". O nome original era Abissínia.
Gabão – Quando os portugueses aí chegaram em 1471, acharam que havia uma semelhança entre a forma do estuário do Rio Como e a do “gabão”, casaco de mangas e capuz, cuja forma se assemelhava ao do Estuário do Rio Como.
Gâmbia – Do nome do rio que atravessa o país. Quando os portugueses aí chegaram em 1446, sob o comando de Nuno Tristão, ou de Estevão Afonso com oito caravelas, dominava na região o rei dos mandingas e a acolhida foi hostil. Só dez anos mais tarde Diogo Gomes subiria o rio até 400 km da foz, estabelecendo relações comerciais.
Gana – Do nome do antigo reino, fundado antes de 500. As primeiras descrições são de Al-Bakri e Al-Idrisi, c.1067 e 1154, respectiva/. Referem que o império está no auge do seu poder, devido ao seu ouro. Aliás, na 1ª referência ao Gana, de 772, Al-Fazari, um astrónomo,  chama-lhe “Terra do Ouro”. Pelo mesmo diapasão afinou um século mais tarde Al-Masudi, assim como o seu contemporâneo Al-Hamadhani, que algo hiperbolicamente escreveu que aí o ouro crescia como as plantas na areia, como cenouras e arrancado ao entardecer. Ibn Hawkal descreveu o soberano do Gana como o rei mais rico entre os reis em toda a face da terra. Riqueza que lhe viera em parte por herança desde tempos remotos acumulada. Relato idêntico ao de Al-Bakri, que acrescentara que ao rei eram reservadas as pedras de ouro e ao povo o ouro em pó e que até os cães reais, que faziam a guarda ao soberano, tinham coleiras de prata e ouro. Al-Idrisi escreveu que o rei possuía uma pedra de ouro, toda natural, que pesava trinta libras. Acrescentou que a pedra fora furada para que se prendesse nela o cavalo de Sua Majestade. Tão importante como o comércio do ouro era o do sal, extraído em Taghaza, no Saara, que valia o seu peso em ouro. Também havia exportação de escravos.
O comércio que tinha como principal promotor e intermediário o Gana era tão importante que Ibn Hawkal relata ter visto em Sijilmasa, entreposto desse comércio entre o norte (Egipto e Norte de África) e o sul (controlado pelo rei do Gana), um comerciante passar a outro um cheque de 42 mil dinares (100 mil libras em 1966). (Bohaen, A. Adu. Topics in West African History)
Guiné (Guinea/Guinée) - Do berbere aguinaw, ou gnawa ("homem negro"), com que os Berberes (Nómadas do Saara) descreveram a África Ocidental.
Guiné-Bissau – São, além do crioulo, 25 as línguas de duas famílias, a Oeste-Atlântica e a Mandê, estas duas das sete subfamílias da Família Níger-Congo. E o apodo de “étnicas” que em geral as acompanha, é em  termos de ciência linguística irrelevante.
Guiné Equatorial - Guiné-Conacri (Conakry)
(Fica para logo!)

Lesoto (Lesotho) – Do nome étnico Soto, a etnia dominante. Antiga Basutolândia. 
Libéria - Do latim liber, o nome geográfico constitui uma referência ao regresso dos escravos libertos dos EUA que fundaram a actual República da Libéria. 
Líbia (Libya) -   Em 1934, a Itália adoptou o nome que os Gregos deram ao Norte de África, excepto Egipto. A nova colónia  compreendia as Províncias de Cirenaica, Tripolitânia e de Fezzan.
Madagáscar – Nome de origem incerta. Atribui-se a Marco Polo (que nunca aí esteve) a sua confusão com Mogadíscio, actual Somália. A ilha começou por ser referida ora como Madeigascar ora como Mogelasio. Madagascar cerca do S. XVI. Pode ser uma referência local, "Terra dos Malgaxes", designação deste etnónimo e também da língua local, aliás uma língua não-africana, segundo Greenberg que a classifica no grupo das malaio-polinésias. Outra versão é que os Reis Malgaxes se referiam à ilha como "Izao will rehetra izao " ou " Izao tontolo izao ("toda essta terra"). 
Malauí / Malawi – Deriva de Marawi – Uma confederação de estados outrora existentes na área hoje ocupada pelo Malauí. 
Mali – A partir do nome do antigo reino do Mali. 
Maurícias / Maurício - Em honra do príncipe Maurício de Nassau, os exploradores holandeses deram à ilha o nome de Mauritius. Os franceses dominaram-na a partir de 1715 e chamaram-lhe Ile de France. Em 1810, a ilha foi invadida por ingleses que lhe deram o primeiro nome, com estas duas formas em português.
Mauritânia (Mauritania) – Das descrições  espanholas que referiam a terra dos Mouros, o etnónimo para os governantes árabes do Sul da Península Ibérica. Mas a história do nome recua até ao antigo Reino Berbere.
Mayotte – Na sua maioria o povo é Moare, de origem malgaxe. Mayotte chamava-se o seu primeiro governador francês. Note-se que Maore ou Mahore (Comoranos) descreve as terras deste grupo étnico, os Moares.
Marrocos – O descendente directo do Antigo Marrocos.
Moçambique – Nome em honra de Mouzinho de Albuquerque, o português que no séc. XIX dominou as rebeliões nacionalistas e abriu caminho ao controlo português sobre o território. 

Namíbia – Do deserto do Namibe, ao longo da costa. Namibe, na língua nama significa "sítio onde nada existe". 
Níger e Nigeria - Do latim niger, “negro”. 
Quénia (Kenya) – Da montanha do mesmo nome, do Kikuyu Kirinyaga, ou Kere-Nyaga ("Montanha da Brancura"). 
Reunião – Departamento ultramarino francês, as ilhas têm esse nome desde 1848 depois de várias mudanças de nome e da ocupação temporária por ingleses.
Ruanda (Rwanda) – Da língua nacional, Ruanda (ou Kinyarwanda).
Saara Ocidental (SADR) –Outra designação: República Democrática do Sarauí Árabe. Esta provém do nome do grupo étnico dominante, os árabes sarauís. 
Saara Ocidental (SADR) –Outra desingação: República Democrática do Sarauí Árabe. Este provém do nome do grupo étnico dominante, os árabes sarauís. 
São Tomé e Príncipe – Descoberta em 1471, pelos pilotos Pêro Escobar e João de Santarém ao serviço de Fernão Gomes, a 21 de Dezembro, dia de S. Tomé. A segunda ilha, porque descoberta a 17 de Janeiro e seguindo o método de atribuir aos santos festejados no calendário as novas terras descobertas, foi-lhe dado o nome de Santo Antão, depois Santo Antóno, e finalmente Santo Antóno do Príncipe – por ser o príncipe, futuro João II, o usufrutuário da cana-de-açúcar (aí introduzida pelo seu donatário António Carneiro).
Senegal – Do Rio Senegal (Há quem diga que deriva do wolof "sunu gaal", significando "nosso barco", a resposta que os pescadores Lebus teriam dado à pergunta sobre o nome daquilo que apontaram os primeiros europeus aí aportados.)
Serra Leoa –Quando o navegador português Pedro de Sintra aí aportou em 1462, a forma das montanhas sugeriu-lhe o nome. Um século depois, os ingleses anglicizaram-no para  'Sierra Leoa';  no S.XVII era em inglês 'Sierra Leona', e cerca de 1787, sob domínio britânico “Sierra Leone”.
Seychelles - Em 1756, as ilhas tornaram-se a colónia francesa de Séchelles, do nome de Moreau de Séchelles, Ministro das Finanças sob Luís XV. Durante o S. XIX, sob domínio britânico o nome foi anglicizado em Seychelles.
 Somália –Do povo, os  Somalis, o grupo étnico dominante, aí chegado antes do séc. VIII, depois de comerciantes iranianos e árabes aí introduzirem o Islão. Estes pr seu turno encontraram-no povoado, desde tempos remotos.  Migrações sucessivas de negros e árabes até ao século XVI.
Suazilândia (Swaziland) – Do inglês “a Terra dos suázis”, o povo que forma 97% da população e aí estabelecido desde o séc. XVIII. 
Sudão – Da expressão árabe bilad as-sudan, "terra dos negros", usada por árabes para escrever a actual África subsaariana (ie, excepto Marrocos, Tunísia, Líbia, Argélia e Egipto). (ie, excepto Marrocos, Tunísia, Líbia, Argélia e Egipto).  Herdeiro dos antigos reinos de Napata, séc. VIII a.C., e de  Meróe, séc. IV a.C. 
Tanzânia – Aglutinação de dois nomes, o da continental Tanganhica o das ilhas de  Zânzibar. Aglutinação de dois nomes, o do Tanganhica, continental, e o das ilhas de  Zânzibar, territórios unidos em 1964 (3 anos depois da independência do Tanganhica), mas conservando  a sua autonomia.  Das  1ªs regiões habitadas, há c. 2 milhões anos. Bosquímanos. Bantos, no princípio da era cristã. S. VII, árabes, com comércio de ouro, escravos e marfim. Contactos com persas, indianos, indonésios e chineses. Quíloa,  com o monopólio do comércio do ouro do Zimbabwé, atinge o apogeu no S. XIII. Em 1500, os port. Aí chegaram e em pouco tempo  fizeram dela a primeira cidade oriental a pagar tributo  ao rei D. Manuel. No séc. XVIII, os árabes dominavam todo o litoral e Quíloa  tornava-se no s.XIX o maior centro negreiro da África oriental. O interior ia estabelecendo tratados que colocavam todo o território sob domíno alemão.
 Togo – O território foi explorado a partir do século XV, primeiro por portugueses depois por dinamarqueses, que aí traficaram escravos. Só no séc. XIX, substituiu-se a exploração escravocrata por produção de óleo de palma, por franceses, alemães e ingleses. Em 1884, um negociante alemão estabelece um contrato e o território é declarado protectorado alemão e recebe o nome de Togoville, de um povoado na Alemanha.
Tunísia – De Tunes, actual capital e antiga cidade-estado muito poderosa e sucessora de Cartago, a cidade fundada pela rainha Elisa, a Dido da Eneida.


Uganda – De Buganda, o grupo étnico dominante. 
Zâmbia – Do Rio Zambeze, a Sul.
Zimbabué (Zimbabwé)– Antigo império comercial, remontando à Idade do Ferro. Casas de Pedra, na língua Xona(). Nos séc. XIV-XV, apogeu do império do Monomotapa, assente na extracção e comércio de ouro. Chegada dos portugueses no séc. XVI. Colónia britânica em 1924, a partir do protectorado  iniciado c. 1880 por Cecil Rhodes. A partir dos anos 50, primeiras formações políticas locais.  Indep.: em 1964.



BIBLIOGRAFIA
(= à da Tese defendida em 2001, www.up.pt/repositorio_digital. Ver secções  História, Linguística)


Redigido entre 1995 e 2007.