sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Acordo Ortográfico (AO) - um Acordo de Contactos

2/7/2010, 10H20-10H40. Comunicação: Acordo Ortográfico (AO) - um Acordo de Contactos
O que muda com a nova ortografia?
Este é o tema da presente comunicação.

1. Porquê o título desta comunicação? “Contactos” define-se como os sucessivos encontros, desde há 550 anos, entre os povos e culturas dos Oito países que têm em comum a Língua Portuguesa.  Língua comum, una e diversa. Diversidade que enriquece e Unidade que fortalece,  no competitivo contexto da afirmação mundial. Dada a existência de duas normas para uma mesma língua, os lusófonos discutem a necessidade, ou não, de uma ortografia competitiva, sem as atuais divergências entre a norma de Portugal, que tem regra geral sido também a de Cabo Verde e maioria dos PALOP, e, por outro,  a do Brasil. O Acordo Ortográfico discutido ao longo de mais de 20 anos e agora ratificado está em curso e tem prazo para a sua generalização: até 2014.
2. O que é o Acordo Ortográfico?
É um encontro de vontades, entre pessoas que são as Partes, diferentes mas igualmente dignas. Elas estão dispostas a dialogar para encontrar uma solução para uma ou mais divergências. É (será) o que acontece(rá) no caso…
2.1. Prós e contras
Apresenta-se um ponto (P) seguido de comentário (C) às mudanças mais visíveis, incluindo (de 6º a1..º) as explicitadas nas vinte e uma Bases do Acordo:

(P)A partir de Janeiro de 2008: ortografia unificada nos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
(C)AOS PRIMEIROS QUE ASSINARAM - BRASIL, CABO VERDE, SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE _ JUNTOU-SE DEPOIS PORTUGAL, QUE, EM FEVEREIRO DE 2008, ASSINA FINALMENTE.
(NO ENTANTO HÁ QUEM PREVEJA QUE  NÃO VAI SER NOS PRÓXIMOS ANOS QUE EM PORTUGAL SE VAI UNIFORMEMENTE ADO(P)TAR AS MODIFICAÇÕES).

(P) A alegação de que “O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol, e que a ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais”,
(C) MERECE O COMENTÁRIO DE QUE HÁ LÍNGUAS, COMO O INGLÊS, O ALEMÃO E O FRANCÊS, QUE TÊM DUAS ORTOGRAFIAS - SÓ UM EXEMPLO, DENTRE MUITOS: REALIZE(EUA)/REALISE(INGL)/
Nota bene: Afeta ou não o sucesso ascendente do inglês? portanto a questão será de outra ordem, não?

(P) Também à alegação, brasileira, de que “Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros”, MERECE O COMENTÁRIO DE que NÃO HÁ LÍNGUA QUE  - PARA EXAMES E CERTIFICADOS- TENHA CRITÉRIOS MAIS CLAROS DO QUE O INGLÊS. SE ESTAMOS A COMPARAR, ENTÃO PODÍAMOS SEGUIR O MESMO PROCEDIMENTO. ESCOLHER PORT. (P) - PORT. (B).

(P) Com as modificações propostas no acordo, calcula-se
que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: em 0,45% das palavras ter-se-á a escrita alterada.
ESTES NÚMEROS TÊM DE SER CONFERIDOS... Para já, há quem diga que são mais e que reaja em consonância com a diferença percentual.

(P) Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.
(C) NESTES 100 ANOS HOUVE MAIOR MUDANÇA DO QUE AS COMEÇADAS EM 1911, E TRÊS DECÉNIOS DEPOIS MODIFICADAS E RATIFICADAS (ACORDO DE 1943-45) ENTRE PORTUGAL E BRASIL? E, NO ENTANTO, A LÍNGUA NÃO MUDOU... TAMBÉM NEM TODOS OS QUE ESCREVIAM ADERIRAM LOGO E MUITOS HOUVE QUE NUNCA ADERIRAM (PESSOA ESCREVEU SEMPRE PORTUGUEZA, PHARMACIA, THESOURO, SYLLABA, E DECERTO QUE ISSO NÃO INFLUENCIAVA A PRONÚNCIA DE PORTUGUESA, FARMÁCIA, TESOURO, SÍLABA.
2.2.  O que vai mudar na ortografia em 2008:

(P)  As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros (e os outros) terão que escrever "abençoo", "enjoo" e
"voo".(Base.IX)
(C) ESTAS MUDANÇAS JÁ ESTAVAM NO ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945. NO PADRÃO DE PORTUGAL, EM  CERCA DE 800 VOCÁBULOS – EM MAIS DE 90% FORMAS VERBAIS – OCORRE O DUPLO "O", GRAFADAS SEM ACENTO GRÁFICO. MAS NO BRASIL, AS MAIS FREQUQNTES, ACIMA REFERIDAS, MANTÊM O ACENTO QUE FOI COMBINADO QUE NÃO SERIA UTILIZADO.

(P) mudam-se as normas para o uso do hífen no meio das palavras;
 O hífen vai desaparecer do meio de palavras, com exce(p)ção daquelas
em que o prefixo termina em `r´, casos de "hiper-", inter-" e
"super-". Assim passaremos a ter "extraescolar", "aeroespascial" e "autoestrada" (mas anti-histamínico, contra-argumento). (Base VIII)
(C) O HÍFEN /TRAÇO-DE-UNIÃO DAQUI NÃO SAI? MAS SIM SAIRÁ SEMPRE QUE NÃO SEJA NECESSÁRIO; ISTO, O ACORDO DE 1945 JÁ O PREVIA.
AS SEM DÚVIDA QUE ALGUNS DOS EXEMPLOS SÃO BONS: É BOM VER, ENFIM, “CABOVERDIANO”, “INFRAESTRUTURA”, “GEOESTRATÉGIA”.

(P) Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do substantivo dos verbos "crer", "dar", "ler","ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem";
(C) ESTAS MUDANÇAS JÁ ESTAVAM NO ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945. PORTUGAL NÃO CUMPRIU, O BRASIL TAMBÉM NÃO.

(P) - Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos";
(C) ESTAS MUDANÇAS JÁ ESTAVAM NO ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945. PORTUGAL CUMPRIU O COMBINADO, O BRASIL NÃO.
 10º
(P) - O trema (brasileiro) desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio;
(C)ESTAS MUDANÇAS JÁ ESTAVAM NO ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945; NO ENTANTO PREVIA-SE QUE O BRASIL PUDESSE CONTINUAR A USAR O TREMA.
AGORA DEIXA DE O USAR, O QUE É UM AVANÇO NA ECONOMIA DA ESCRITA, SIM. (SE O SERÁ NOUTROS DOMÍNIOS DA LITERACIA, NINGUÉM FALOU. MAS SE A OPÇÃO TIVER SIDO PELA FACILITAÇÃO DA APRENDIZAGEM INICIAL, AJUDA SIM, INICIALMENTE)
11º
(P)  - O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de
"k", "w" e "y";
(C) HÁ UMA MUDANÇA, SIM, MAS O ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945 PREVIA SÍMBOLOS E PALAVRAS IMPORTADAS GRAFADAS COM ESSAS 3 LETRAS.
12º
(P) - O acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição)(Base IX).
(C) É UM AVANÇO NA ECONOMIA DA ESCRITA, SIM. (SE O SERÁ NOUTROS DOMÍNIOS DA LITERACIA, NINGUÉM FALOU. MAS SE A OPÇÃO TIVER SIDO PELA FACILITAÇÃO DA APRENDIZAGEM INICIAL, AJUDA SIM, INICIALMENTE)
13º
(P) –Nesta uniformização  acordada, o padrão do Brasil eliminará o acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia". Tal como no Brasil, em Portugal o corre(c)to será assembleia, ideia, heroica e jiboia.
(C) EM RELAÇÃO AO DITONGO "EI", AS MUDANÇAS JÁ ESTAVAM NO ACORDO CONJUNTO  PORTUGAL - BRASIL DE 1945; NO ENTANTO PREVIA-SE QUE O BRASIL PUDESSE CONTINUAR A USAR O ACENTO EM TAIS CASOS. AGORA DEIXA DE O USAR, O QUE É UM AVANÇO NA ECONOMIA DA ESCRITA, SIM.
 14º
(P) - Em Portugal, desaparecem da língua escrita o "c" e o "p" nas palavras  onde ele não é pronunciado, como em "acção", "acto", "adopção",e "baptismo". O certo será ação, ato, adoção e batismo (Base IV).
(C) AGORA DEIXA DE O USAR, O QUE PODERÁ SER UM AVANÇO NA ECONOMIA DA ESCRITA. NO ENTANTO, EM PORTUGAL, O "C" E O "P" DITOS MUDOS TÊM UMA FUNÇÃO DISTINTIVA NA PRONÚNCIA: PERMITEM MARCAR A DIFERENTE ALTURA DA VOGAL. O QUE NÃO ACONTECE NO BRASIL. MAS SE SE QUER UNIFICAR… ALGO SE TEM DE PERDER PARA GANHAR.
Nota bene: A facultatividade aspeto / aspecto, contato / contacto, perspetiva / perspectiva existe na norma brasileira. Contudo, na norma europeia continua-se a considerar a regra da não-facultatividade no caso de contacto. Escreva como diz: contacto. Diga como escreve: contacto.
 15º
(P)  - Também em Portugal elimina-se o "h" inicial de algumas palavras, como em "húmido", que passará a ser grafado como no Brasil: "úmido";
(C) MAS QUANTAS PALAVRAS TÊM "H" INICIAL - E VÃO MANTÊ-LO? SÃO MESMO MUITAS (MAIS DE 99,9%). O MESMO ACONTECE NO BRASIL. MAS SE SE QUER UNIFICAR A PALAVRA ... TUDO BEM, TANTO MAIS QUE JÁ EXISTE A PRÁTICA DE FORMAS DERIVADAS COMO “DESUMIDIFICAR”, ETC. DADO QUE AINDA ESTÁ POR CRIAR UM ÚNICO “VOLP” – VOCABULÁRIO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA, DEPRENDE-SE QUE SÃO CORRECTOS COGNATOS COMO “HUMIDIFICADOR”, “HUMIDIFICAR”.
 16º
(P)  - Portugal mantém o acento agudo no “ e” e no “o” tónicos que antecedem “m” ou “n”, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus, tónico/tônico (Base XI).
(C) É DE BOM SENSO QUE NÃO SE QUEIRA UNIFICAR A QUALQUER CUSTO, DADAS AS DIFERENÇAS NA PRONÚNCIA.

2.3. Cronologia de Acordos (datas a) a d)
a) Com a queda da Monarquia, podia-se enfim fazer a revolução ortográfica que havia séculos se discutia. Depois de quase quatro séculos do Português Arcaico e Médio, em que a escrita, sobretudo fonética, foi pouco sistemática, seguir-se-iam mais outros quatro séculos – do XVI até ao início do séc. XX – em que a ortografia (aliás “ortografia”, dada a ausência de sistematicidade) foi sobretudo etimológica (aliás, também “etimológica”) com a origem grega (real ou erradamente deduzida) se assinalava com os dígrafos th, rh “ch” – este, lido “k” –  “ph” lido f (“pharmacia”, “orthographia”, “diccionario”, “caravella”, “estylo” e “prompto”).
- Na República triunfante, podiam enfim emergir as mais fundas aspiraçoes e as decisoes mais ousadas. Assim, nesse mesmo ano de 1910, criou-se a Comissão para a Reforma da Ortografia e que incluía o próprio Presidente da República, o primeiro, Teófilo Braga. Decretava-se uma ortografia da língua portuguesa mais simplificada a ser usada em publicações oficiais e no ensino<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino>.
- Esta normalização ortográfica, republicana, acabou por ser institucionalizada, na metrópole, através da portaria de 1 de Setembro<http://pt.wikipedia.org/wiki/1_de_Setembro> de 1911<http://pt.wikipedia.org/wiki/1911>. De Cabo Verde, até onde os dados coligidos permitem perceber, a situação é idêntica. Em Angola, a lei foi institucionalizada a 13 de Abril de 1912, talvez aproveitando a mudança no governo-geral de Angola()1).
A reforma incidia sobre a simplificação das  consoantes geminadas, os grupos [ph], [th], [rh], ch que com o desaparecimento da letra “h” passaram a f, t, r,c/qu (chronica, chimica), a sistematizaçao no uso dos acentos gráficos – fosse para assinalar a sílaba tónica sempre que oxítona ou proparoxítona, fosse para diferenciar a natureza vocálica.
b) - Da Convenção Ortográfica entre P e B, realizada em Lisboa<http://pt.wikipedia.org/wiki/Lisboa>, em 1943<http://pt.wikipedia.org/wiki/1943>, saiu o Acordo Ortográfico de 1945 (como comentado (C) em 2.2).
c) - Em 1971<http://pt.wikipedia.org/wiki/1971>, surge um novo acordo entre o Brasil<http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil> e Portugal<http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal>, que aproximou um pouco mais a ortografia dos dois países, ao suprimir os acentos<http://pt.wikipedia.org/wiki/Acento> gráficos responsáveis por 70% das divergências entre as duas ortografias oficiais;  os acentos fonéticos (chamados  diferenciais, consoante a terminologia) presentes nas palavras homógrafas; e aqueles que marcavam a sílaba pré-tónica nos vocábulos derivados com o sufixo [mente] ou iniciados por “z”(pèzinho)
d) 2010 (discutida desde 1986): 1. Vocabulário – PE: 1,6%; PB: 0,45%. Acentos gráficos simplificados: -eem, para (Verbo torna-se homógrafo da Preposição); apesar de grande uniformização (batismo, exceto, ótimo, redator) alguma dupla grafia PE/PB vai continuar (sinónimo/sinônimo), algumas mudanças serão mais visíveis em PE (receção/recepção).

CONCLUINDO:
A. O que muda com a nova ortografia
. novos vocabulários e dicionários (formato impresso e ele(c)trónico / digital)
.
O que é que muda com o novo Acordo Ortográfico? Ponto de Interrogação em dez pontos:

1. Muda a fala se mudar a escrita?
Para já, Angola continuará a dizer Cabo V(é)rde, onde o Brasil enrola Ve(rr)d(ji), nós, em Língua Oficial, code-shiftamos para Verde onde Portugal diz o mesmo que nós, entre outros.
2. Vamos continuar a dizer caboverdiano e a escrever cabo-verdiano. Se.
3. Mas continuará Angola a dizer faCto se lhe chegam fato nos manuais do Brasil? Cabo Verde a dizer corr(é)tor, diferente de corr(ê)tor? Portugal continuará a dizer rec(é)ção, diferente de rec(ê)ssão?
4. Se escrevemos, sem acentos escritos, desde voo, enjoo (Brasil), veem, deem, leem? A grafia torna-se mais leve, tecla-se mais fácil, ! Mas em “Falta de areia para obras na ilha”, para é verbo ou preposição?
Faz ou não faz diferença, dificulta ou não a falta do acento gráfico em certos casos?
5. É certo que o Grande Medo de que o Acordo ortográfico implique uma radical mudança na Língua Portuguesa – pode ser esconjurado.  Afinal, não é a ortografia que faz a língua: apenas tenta disciplinar a escrita para que as ideias possam ser partilhadas.
6. Posso concordar quando sei que as medidas que estão a implementar não são assim tão importantes que possam levar a uma melhor solução para os problemas da escrita? (e nem sequer falo dos problemas da língua).
7. Posso concordar quando sei, também, que não são tãããããão importantes para a promoção do português no mundo?
8. Posso concordar quando sei, também, sim, que estes acordos são ditados por lógicas economicistas que a nós nos ultrapassam, pois ainda mal editamos, não e-editamos, e por este andar ...
9. Posso concordar quando vejo que estes são acordos que fazem uma pequena maquilhagem na língua mas obrigando  a grandes mudanças nos produtos Gutenberg –livros como gramáticas, manuais, dicionários, todo o texto impresso – agora no ciber-universo da edição (os correctores informáticos ... as diversas e-ferramentas novas que teremos de mandar e-trazer, e-comprar....)?
10. Posso não concordar quando os defensores do Acordo dizem que não, não vai haver mudança nenhuma só porque se escreve ação, redação, fatura (sem “c”), ótimo, receção, adoção, batizado (sem “p”, ) e que ficam o “c”,  e o “p”, em factual, ficção(P)ficção, e recepção (B).
B. O que não muda com a nova ortografia
Não muda a língua, porque a ortografia não é coincidente com a língua, é uma convenção à qual se submetem todos os que escrevem. E nem todos com o mesmo grau de desempenho, pois este depende sobretudo da preparação escolar, do interesse individual pela constante a(c)tualização:
Aliás, é a actualização exigida pela dinâmica da língua, de qualquer língua em uso, que leva à sua reforma. O que no entanto não significa que todas as línguas procedam a reformas. Pelo contrário, dentre as línguas de maior expansão universal, internacional o francês e o inglês raramente têm procedido a mudanças drásticas, nem sequer essas mudanças têm muita visibilidade. Existem Grémios Sportivos, há os que continuam a escrever caboverdeano, açoreano.
“Gosto da minha língua tal qual a escrevo, mas não posso impor a 150 milhoes de falantes os meus gostos pessoais”, disse um escritor.
 FIM
Universidades e o Futuro

 Primeiro dia na universidade. O professor dá a um estudante, caloiro, uma lista de livros para pesquisar sobre um (mesmo) assunto. Dentro do prazo, uma semana, o trabalho de síntese está pronto, mas o professor acaba por ficar preocupado: percebeu que o estudante era incapaz de emitir uma opinião sobre o assunto!
(...)

A partir da conversa com o professor, esse estudante percebeu o valor da universidade e como a educação superior está a ser cada vez mais importante para formar também para a cidadania, porquanto hoje e no futuro próximo existirá uma grande competição a nível intelectual. Por isso a educação superior é essencial para uma formação académica adequada e para obter uma grande competência, a todos os níveis.

E para isso é preciso aprender-se muito, com professores e com os colegas. Seja compartilhando (muito diferente de copiar), pesquisando e obtendo-se informações de grande utilidade político-sócio-educacional. Tudo isto envolve ainda um enorme esforço da parte dos estudantes.

Também lembrar que as universidades têm que se adaptar para acompanhar as exigências tanto a nível nacional como a nível estrangeiro, pois há um enorme número de estudantes a formarem-se fora do seu país, o que representa para o caso de Cabo Verde uma grande concorrência para termos a melhor formação académica.

Cada estudante quer ter a melhor referência possível na sua formação académica para enfrentar essa concorrência. Assim,  muitos deles hoje já procuram o Mestrado e o Doutoramento, uma vez que a Licenciatura não será bastante num futuro próximo)
Daí se diz que, no futuro, a educação superior vai estar a um nível tão avançado que não vai mais depender do Estado, o que será muito bom pois será toda a economia que irá mudar.

(Fevereiro/2009. Temas para discussão em LP3. 2º ano EI)