quinta-feira, 26 de março de 2015

Slogans em inglês: qual a sua gramática?

Slogans em inglês: qual a sua gramática?





Nota prévia: o título segue a recomendação ortográfica(1)  acerca dos empréstimos naturalizados. O vocábulo slogan deixou de ser considerado um estrangeirismo, logo deixa de haver necessidade de o apresentar acompanhado da sua metalinguagem. 
(1)Ou seja, de acordo com as bases ortográficas oficiais das duas academias, que regulam o uso da nossa lingua.

 Os slogans têm uma estrutura própria que os faz apetecíveis em mensagens apelativas. Têm  a seu favor três qualidades: são curtos, de gramática fácil e usam um vocabulário apropriado aos efeitos 


comunicativos visados. Mais: tendo emergido num contexto próprio que é o da língua inglesa, mesmo em outras línguas pode haver tendência para procurar utilizar slogans em inglês. 


O exemplo é "He for she": o slogan até soa bem, todos percebemos o significado de "he" e "she" (os dois únicos pronomes do inglês que têm a marcação de género: masculino e feminino!). É o slogan que 

anuncia hoje que a mais alta instância da nação se associou a uma iniciativa, decerto louvável, de promover a metade feminina da nação -- ou não estivéssemos nós em ubérrimo mês M.
Ele... ela. Em português pode funcionar. Mas não em inglês. Surpreendente porque é universal a crença de que é uma língua fácil, sem gramatica quase. Mas já teve uma gramática complexa que só se simplificou após o nascimento de Cabo Verde e desta nova língua. 



 Pois é, o slogan "He for she" erra no uso do pronome que não tem a função de sujeito. Se o sujeito da frase está perfeitamente identificado, como este "He" cuja ação beneficia um alvo, o uso da preposição "for" obriga a que o alvo seja representado por uma nova palavra que indica precisamente que  "she" não pode ser, que o correto é usar o pronome equivalente à função: "her". Ela/she é alvo, logo a palavra muda. Este o segredo que nem googlando se encontra porque ... (a resposta está num velho ditado).

domingo, 15 de março de 2015

Emergentes "Social Media": qual a sua gramática?

Emergentes "Social Media": qual a sua gramática?


Nota prévia: o título segue a recomendação ortográfica(1)  acerca dos estrangeirismos, que devem ser apresentados com a devida metalinguagem:  entre aspas,  em itálico (este, só nos meios mecânicos).
(1)Ou seja, de acordo com as base ortográficas oficiais das duas academias, que regulam o uso da nossa lingua.

Ao utilizar-se (num texto escrito) uma expressão não-portuguesa, como é "social media", confrontamo-nos sempre com a questão de saber a que género e número pertence. A resposta a "qual a sua gramática? "é crucial para a sua correta utilização numa frase.
A expressão, que emprestamos, é por seu turno uma criação  da língua inglesa, que adota  e adapta o substantivo latino "media", plural de "medium". Adota-o na sua forma gráfica e em parte quanto ao sentido. Adapta-o à fonética da língua inglesa: o seu "e" pronuncia-se como o nosso "i".
O português, sendo uma língua filha do latim, mantém muitos traços da fonética da língua latina: o "e" pronuncia-se "e".  Além disso, a palavras portuguesa "meio", muito antiga no português e de uso corrente, partilha com outras palavras a mesma origem latina, "medium": o /a médium, a média, mediano, meio/a, no sentido de metade, imperfeito... 

segunda-feira, 2 de março de 2015

Ama de Leite: Existe ou é um Anacronismo?

Ama de Leite: Existe ou é um Anacronismo?

A pergunta era outra: Como se escreve, com hífenes?  E a sua resposta é que no novo acordo ortográfico deixa-se de escrever esta locução como composto justaposto, segundo a base décima-quinta (se não me engano).
E ama de leite: existe? As amas existem, sim, mas as de leite tornaram-se uma realidade de outras eras. Uma famosa: Ana Leal, de Póvoa de Varzim.

domingo, 1 de março de 2015

Críticos 10%: a questão acentual!

Críticos 10%: a questão acentual!


«A generalidade das palavras tem um segmento, a sílaba, que se pronuncia com maior intensidade de que os seus vizinhos. Ao fenómeno da intensidade damos o nome de acentuação, sendo designado como  acentuado (ou tónico) o segmento que comporta o acento prosódico ou seja, tem intensidade maior do que a  dos outros segmentos não-acentuados (ou átonos, ou ainda, inacentuados). Nota-se que embora prosodicamente (isto é, fisicamente) se possam encontrar vários graus de intensidade, em português apenas se distingue, funcionalmente, entre segmentos acentuados (ou tónicos) e não-acentuados, isto é, entre a presença e a ausência do acento, o que significa que existe apenas um acento prosódico. Noutras línguas, por exemplo o alemão (...), pode-se falar em acento principal e um ou mais acentos secundários.» (Lima 2002: 7.02)

Se na oralidade quotidiana, a questão dos acentos não parece tão evidente, as dúvidas surgem quando chega a hora de escrever com correção: Devo ou não acentuar "estatu-i-do"? e "ensa-ista"? São os tais dez por cento de palavras que no português exigem de quem escreve um esforço de adaptação. Aliás,  demonstra-o a história da língua (assunto a que voltaremos em outra oportunidade). 
Procurando orientar para o domínio desta área crítica da língua que é a  acentuação, aqui vão duas regras: 
  1. A penúltima sílaba, que por definição é a prosódica (ou pronunciada), geralmente não tem acento gráfico.
  2. As excepções à regra do acento, essas, sim levam o acento gráfico: a sílaba oxítona (aguda) e a proparoxítona (esdrúxula).   Para compreender melhor o assunto, costumo conduzir a uma comparação de como se comportam as línguas-irmãs do português. Hoje vou limitar-me a comparar com o espanhol:
    Observamos que  a ortografia nesta e naquela língua parece que  dita regras opostas. Senão, vejamos:
    -. O sufixo espanhol -"(e)ncia"  tem a mesma prosódia que o seu equivalente português "-(ê)ncia". Apenas diferem na ortografia (acento gráfico sobre a tónica, no português). Exemplos: constancia/constância, ciencia/ciência,os nomes próprios iguais nas duas línguas: García/Garcia, María/Maria, etc.
    -.  Contrariamente,  o sufixo espanhol acentua graficamente o sufixo "-ía" que tem a mesma prosódia que o seu equivalente português "-ia" (sem acento gráfico sobre a tónica). Exemplos: os nomes próprios iguais nas duas línguas: García/Garcia, María/Maria, etc.
Doctor grammaticus ou coisas que me perguntam


Partilho os "Conselhos" a uma "Dúvida"
(Exposta em //15 e respondida "na hora")