quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Utentes de redes sociais dão mais erros ...ou brincam com a língua 28 fevereiro 2019

Utentes de redes sociais dão mais erros ...ou brincam com a língua 28 fevereiro 2019 A abordagem pode ser séria, tipo “está errada”, a ortografia é “ideia”. Ou faz-se outra abordagem, a de entrar no jogo para perceber o que está a ser dito:…Idea? Edea? Para quê o pingo do ‘i’ no ‘e’? Onde pára a anaptixe?! Mas contrapor-se-á à ideia de se estar a brincar, com o questionamento sobre "em que idade é esta brincadeira, em que modelo educativo, se da pioneira Finlândia, dos top-10 como a Singapura, Japão … esses que investem fundo, patrioticamente, na formação inicial. E os braços até podem levantar-se exasperados para expressar "Em Cabo Verde estamos a perder, teremos perdido o norte? Esta ilustração acompanha a resposta à pergunta sobre se os utentes das redes sociais cometem mais erros (escritos) que os demais (que escrevem) e se na universidade pública (os estudantes, parece-me) dão mais erros. Utentes de redes sociais dão mais erros ...ou brincam com a língua Por: MªLourdes Lima, com agradecimento a quem me perguntou Primeiro, os factos. É facto que a liberdade de expressão se expressa (passe o pleonasmo) até nas gralhas que tendem a ser mais frequentes nas redes sociais que em outros contextos de escrita. Se no Facebook, o livro das carinhas, escrevemos na ‘descontra’, o mesmo não pode aplicar-se a uma situação de comunicação menos informal. É facto que é para evitar isso (a mistura de estilos, do formal ao informal nos textos oficiais) que os programas de ensino trazem o estudo dos registos linguísticos. Mas se uma pessoa comete erros em outros contextos de escrita, não se estranhe que os leve para a sua escrita nas redes sociais. Como tudo na vida, porém, a realidade é feita de muitas nuances, entre o branco e o preto, entre o básico e o aprofundado: há os que se acomodam com o que adquiriram e deixam de procurar atualizar os conhecimentos, incluindo os relacionados com os instrumentos da escrita. Há outros que buscam ativamente atualizar-se: leem para saber mais (e não só ter mais informação), discutem ideias, escrevem para organizar as ideias e quando escrevem para comunicá-las têm o cuidado de fazer uma tarefa básica que muitos esquecem: rever o que escreveu. Nos fóruns, chats… a preocupação é com a interação e é natural que a pessoa escreva sem a preocupação de fazer a revisão do que acabou de escrever. Poderia fazê-lo mais tarde… mas há quem pense "Para quê?", justificando-se que a comunicação nestes meios tem mais uma função lúdica. Além disso, note-se que a velocidade exigida pela interação obriga muitas vezes a uma “escrita nova”, muito marcada pela fonética e ou pela imagem. Estudantes universitários... A perceção dos erros é capaz de ser maior por parte de quem detém a norma e avalia segundo esta o que muitos escrevem nas redes sociais. E um alvo tem sido a universidade pública, que desde há décadas tem sido apontada como um lugar onde até se dão mais erros... Dificilmente diria que os estudantes universitários fazem mais erros que outros utentes, em termos gerais. É bem possível que os erros deste estrato social se tornem mais visíveis, talvez porque... são mais ativos nesse meio? É pois preciso "olhar mais longe", para compreender isso e relacionar com a forma como se comporta a sociedade em que a universidade se insere. Quais as atitudes, os valores? Quem valoriza o saber mais que o ter? ….Temos uma sociedade (não só nacional, mas global) que está muito refém de uma determinada conceção da cultura de massas, que é acrítica, passiva, logo, incultura. Essa cultura “industrial” para consumo e essa ideia de consumismo transformam num alvo o ser humano em desenvolvimento. Para isso, dá-se-lhe a promessa de que ele tem todos os direitos porque é cliente. Com isso, anula-se o seu investimento intelectual na cultura, que devia ser participada efetivamente. Vamos aos erros: como referi, não vejo uma significativa influência da escrita “blogal”, dos social-media, sobre o desempenho em outros ambientes. Embora num chat eu possa utilizar abreviaturas, num texto padrão vou ter que desenvolver essas formas abreviadas, tal como ao passar do texto oral para o texto escrito vou ter de fazer determinadas operações relacionadas com os fatores próprios das duas situações de comunicação. A pergunta então seria se os estudantes universitários fazem mais erros (escritos) que os demais escreventes. Uma pessoa que tenha feito a sua escolarização há 20, 30, 40 anos pode ter melhor desempenho que um estudante universitário? Pode, sim, mas isso só acontece para quem continua a trabalhar com as competências adquiridas na escolarização e procura atualizá-las. É que toda a atividade exige a prática continuada e, caso contrário, ocorrem situações de perda de competências anteriormente adquiridas. A pessoa ao deixar de andar, perde a motricidade. A pessoa ao deixar de pensar de forma racional perde capacidades intelectuais. "Vamos aos erros", afinal, levaria tempo estar aqui a enumerá-los exaustivamente (estão dispersos em alguns trabalhos que fiz nesse sentido, alguns deles estão publicados — os de mais fácil consulta estão no meu Facebook (sim!) e nos blogues ScientiaEtPoesia.blogspot.com, DeCapoViride.blogspot.com, … ). Remato: Brincar com a nossa língua é parte duma caminhada continuada, com encontros e desencontros, pausas e acelerações. Uma aventura e uma rotina, permita-se-me o oxímoro, na permanente (der)rota para compreender e assim aprender, saber mais e dar sentido ao mundo. Uma nota final. Pergunta feita, a resposta foi enviada para publicação no dia seguinte, um sábado. Até esta, ficou ’moita carrasco’ — razão para a sua publicação, um mês depois, hic et nunc.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Finlândia: PM sujeita-se a teste de despiste de drogas depois de festa em casa — 66% desaprovaram 24 agosto 2022 O teste de urina realizado, no dia 19, à primeira-ministra Sanna Marin, após insinuações desabridas nos social-media, "deu negativo" a cocaína, anfetamina, canábis e opióides, segundo comunicado da chefia de governo. A despistagem de droga tornou-se necessária — "para dissipar toda e qualquer suspeita de uso de drogas, que nunca usei", disse Sanna Marin — depois que uma série de imagens da festa privada na casa da governante suscitou uma onda de críticas.
A primeira-ministra em conferência de imprensa já tinha admitido que durante a festa de amigos em sua casa tinha bebido álcool, mas negou ter consumido "quaisquer drogas", que "nunca usei nem na minha primeira juventude". Igualmente negou que algum dos seus amigos e celebridades, presentes na festa, tivesse consumido substâncias proibidas em sua casa. Não é a primeira vez que Sanna Marin, eleita em dezembro de 2019 e a mais jovem primeira-ministra a nível mundial, é criticada pelas festas. A primeira foi na residência oficial Kerasanta, em Helsínquia em abril de 2020 e levantou uma onda de críticas a pretexto das medidas anti-Covid-19 (na mesma linha do que aconteceu ao primeiro-ministro britânico Boris Johnson). A culpa é do fotógrafo? Sobre uma festa há um mês, também na casa oficial da capital divulgou-se esta semana a foto de duas convidadas de busto nu a taparem os mamilos com a miniatura duma bandeira nacional. "Infelizmente, alguém fez essa foto. Essa foto nunca devia ter acontecido", reagiu a governante candidamente. "Mãe pode atuar como adolescente mas governante não" Nas redes sociais, a polémica corre sem brida há mais de uma semana. Uns dizem "Não vejo nada de mal". Há quem a condene por "festejar como uma adolescente sendo ela mãe". Outros condenam a governante do país. E há os que a defendem. Outros lembram que a democracia é isto mesmo: o povo decide o que está certo e não. "Quem acha que a primeira-ministra não pode festejar assim, pode votar contra ela nas próximas legislativas". "Foi um grande erro", dizem 66% Uma sondagem encomendada pela cadeia nacional MTV3 mostra que dois em três finalndeses reprovaram a atitude da primeira-mininstra quando, em dezembro último, esteve numa festa e dançou "até ao amanhecer" após ter estado exposta à Covid-19. O mesmo número dos que aprovaram em abril de 2020 o apertão que o novo governo sob sua liderança deu à Suécia, país que se destacou pela polémica da "imunidade natural". Em 8 de abril de 2020, a Finlândia mandou fechar, por mais de um mês, até ao dia 13 de maio, as fronteiras com o vizinho, que justificava assim: "A República finlandesa considera indispensável que o Reino da Suécia dê instruções ao seu pessoal do setor da Saúde para a sua efetiva proteção e faça testes adequados ao coronavírus". Na lista mundial dos mais jovens chefes de governo, grata ao sistema de ensino A eleição de domingo 8-12-2019 que deu a vitória aos sociais-democratas abriu caminho para a ex-ministra dos Transportes, Sanna Marin, chegar à primatura como a primeira-ministra mais jovem da história da Finlândia e ingressar na lista mundial dos mais jovens chefes de governo. "Nunca me preocupei com o facto de ser mulher e jovem. Penso que mostrei ao eleitorado as razões para eu estar na política; e foi isso que nos fez ganhar a sua confiança", disse na noite da vitória. A política social-democrata tomou posse três dias depois, num governo de coligação de cinco partidos liderados por mulheres jovens (só uma tem mais de 34 anos). A ascensão de Sanna Marin no Partido Social Democrata deveu-se à demissão, uma semana antes, de Antti Rinne, enfraquecido por uma greve de funcionários dos correios que lhe fez perder a confiança do Partido do Centro. Presidente do PSD desde 2014, o antigo sindicalista Rinne chefiou o governo finlandês em coligação durante seis meses. Sanna Marin, duma "família pobre" e que se diz "grata ao sistema de ensino nacional que dá oportunidades iguais a todos", é a terceira primeira-ministra da República da Finlândia, país que elegeu uma presidente, Tarja Halonen, entre 2000 e 2012, e foi pioneiro na Europa no direito de voto às mulheres em 1906. ... Fontes: BBC/Le Monde. Fontes históricas. Relacionado: Finlândia: Sanna Marin, 34 anos, eleita primeira-ministra do país pioneiro no direito de voto das mulheres, socialista e capitalista, 10.dez.019; Fotos (Getty/Reuters/Twitter): Elogiada pelo desempenho diplomático-político da adesão à Nato perante a ameaça russa na fronteira comum. Criticada pelas festas, a primeira-ministra na 6ªfª 19, à beira das lágrimas: "Sou só um ser humano". Pela descontração na foto, num festival de rock há um mês, foi elogiada. Foto-montagem das cinco governantes em dezembro 2019 (no sentido dos ponteiros do relógio): a primeira-ministra mais jovem da história da Finlândia, Sanna Marin, 34 anos, do PSD; Li Andersson, da Aliança de Esquerda, e Katri Culmuni, do Partido do Centro, ambas com 32 anos; Maria Ohisalo, do Partido dos Verdes, e Ana-Maja Henriksson, do Partido do Povo Sueco da Finlândia, respetivamente com 34 anos e 55 anos.
Moçambique : Seguradora recusa indemnizar por "pior acidente no país" com 62 vítimas, 32 mortais 23 agosto 2022 A seguradora EMOSE está a avançar com um recurso para evitar cumprir o que no dia 13 decidiu o tribunal: pagar uma indemnização às famílias das vítimas do acidente de autocarro que matou 32 pessoas e deixou outras 30 feridas. Em conferência de imprensa, um dirigente da seguradora explicou que a falta de pagamento por parte da transportadora Nhancale levou à anulação da apólice de seguro. Moçambique : Seguradora recusa indemnizar por "Não tendo a transportadora a fração que venceu em novembro de 2020, o contrato de seguro ficou nulo. Significa que, não tendo sido paga a última prestação, já não havia contrato", disse Benedito Manhiça, administrador da área técnica operacional da Emose. Na semana passada, o Tribunal Judicial do Distrito da Manhiça, na província de Maputo, condenou a seguradora e a transportadora Nhancale ao pagamento de 33 milhões de meticais (56 milhões CVE) aos familiares das vítimas do sinistro. O tribunal atribuiu a culpa da tragédia ao motorista — que capotou ao fazer uma ultrapassagem irregular e embateu num de dois camiões —, pelo que o condenou a um ano e oito meses de prisão, convertidos em multa.
Pior acidente O acidente rodoviário, considerado o mais grave de sempre registado em Moçambique, ocorreu em 3 de julho do ano passado em Maluana, no distrito da Manhiça a cerca de cem quilómetros de Maputo. A tragédia teve lugar na Estrada Nacional N.º 1, que liga a cidade da Beira à capital. Inquérito atrasado A Comissão formada de imediato para investigar o acidente tem vindo a ser criticada por não apresentar resultados. Os seus membros são: José Estêvão Muchine, Juiz Conselheiro Jubilado do Tribunal Administrativo – Presidente; os engenheiros Lo Kam Chong (do Colégio da Engenharia Mecânica) e Domingos Guiamba (do Colégio da Engenharia Civil), todos da Ordem dos Engenheiros de Moçambique; Mário Jacobe, da Ordem dos Médicos de Moçambique; e Alexandre Nhampossa, da Associação Moçambicana para Vítimas de Insegurança Rodoviários. ... Fontes: noticias.mo.mz/odia.mz. Fotos: Autocarro da tragédia. EN1, com 2477 km de extensão, é a maior e mais importante rodovia moçambicana, pois liga seis capitais provinciais — Maputo, Xai-Xai, Maxixe/Inhambane, Nicoadala/Quelimane, Nampula e Pemba — e dá acesso a todos os grandes portos (Beira, Pemba, Maputo-Matola, Nacala e Quelimane) e liga os caminhos de ferro de Ressano Garcia, Goba, Limpopo, Machipanda, Sena e Nacala.

terça-feira, 19 de julho de 2022

Mala de senhora? É ele quem carrega


1. Qual o contexto cultural? Comparemos com o nosso.


2. Vejamos esta reação: "I saw a man frolicking around with his girl's handbag. Some people may find it sweet (...). To be fair though the missus was weighed down with some huge bags of  groceries but still, that was a very unmanly gesture on his part".


(frolic: brincar, divertir-se...)


sexta-feira, 8 de julho de 2022

Cultura 'pop' inspira-se na tradição

 

............................................................................Moda escravidão : Pèzinhos das chinesas em sapatos artísticos inspiram celebridades15 setembro 2019

Muita tortura sofrem as chinesas durante mais de mil anos para ter pés pequenos, tamanho 30, igual a uma criança de sete anos, para caber nos sapatinhos artísticos como o exemplar exposto - desde o dia 13 - no museu de Pequim (foto). Pés de Cinderela, ideal de beleza feminina surgido na China Imperial e que no século XVII entrou nas cortes europeias. Mito de beleza torturante morreu? Veja.

Moda escravidão : Pèzinhos das chinesas em sapatos artísticos inspiram celebridades

As celebridades sobretudo estrelas pop, que aparecem nos tapetes vermelhos e outros pódios da fama em cima de plataformas com formas (foto) que parecem improváveis de as sustentar, sabem por que o fazem: pela fama, já que a exposição mediática do insólito, nem que seja alguns minutos no noticiário do dia, pode ter efeitos multiplicadores.

Mas as jovens de saltos altos que, nas nossas ruas onde ainda não chegou o último piso suave, mal se equilibram e precisam muitas vezes da ajuda duma amiga para não cair no duro empedrado, porque é que se dão a tal tortura, com riscos para a integridade física no imediato e para a saúde geral a longo prazo?

Sofrer para ser bela, sussurram ou dizem alto nos salões cabeleireiros. Fenómeno universal, ninguém irá contestar que mais sofrem as ainda muitas que não aderiram à moda dos cabelos naturais (que frágeis contudo pedem muita manutenção) e se submetem a rituais incompatíveis com esta canícula mundial, de que não se tem memória histórica.

Ao longo de mais de mil anos, as mães chinesas escolhiam de entre as filhas as que teriam mais potencial para ’casar bem’— as destinadas aos trabalhos duros não podiam ser mutiladas porque isso ia prejudicar a sua capacidade laboral.

As escolhidas eram submetidas aí por volta dos seis anos e até aos doze à prática quotidiana do pé dobrado para ser ligado com faixas. A renovação das ligaduras tinha de ser diária para manter o grau necessário de aperto. Depois dos dedos vinham os ossos próximos que sob a pressão se partiam. Ao longo dos anos, os dedos e esses ossos desapareciam debaixo da planta do pé.

Justificava-se a iniciação aos seis anos. Nem antes nem depois. Antes dos seis, não tinha a maturidade para perceber que era em seu interesse. Era necessário preparar a menina em tempo prévio adequado. Ensiná-la através de mensagens subliminares a suportar a dor que o processo acarretava.

A menina era assim preparada para ser ela própria a aderir à prática, consciente do seu valor para o futuro. A história da Cinderela chinesa contada através das gerações tornou-se pois parte do processo de adesão.

A moda corrente durante parte da história da trimilenária China Imperial, até à sua queda em 1912, alegadamente morreu com o Império. Mas estará ainda vigente em meios fechados na China atual, resistindo ao advento da República, a todas as mudanças sofridas na China ao longo do século XX.

A iniciação dava-se aos seis anos: havia que preparar em tempo prévio adequado a criança. Ensiná-la através de mensagens subliminares a suportar a dor que o processo acarretava. A menina era preparada para ser ela própria a aderir à prática, consciente do seu valor para o futuro. A história da Cinderela chinesa contada através das gerações era parte do processo de adesão.

O mito do pé pequeno chegou à corte francesa, ainda não se sabe bem como. Mas a hipótese mais forte é que tenham sido os irmãos Grimm os responsáveis. Eles que, a partir do universal conto popular da ascensão social como prémio após uma infância e adolescência maltratadas, decidiram pôr no centro do mérito o pé pequeno.

Hoje o mito do pé certo para o sapatinho de cristal, que os Grimm criaram no imaginário europeu, tornou-se um símbolo universal. Mesmo se ninguém é obrigada a automutilar-se, o "veja" (acima) mostra que o mito não morreu.

Moda escravidão : Pèzinhos das chinesas em sapatos artísticos inspiram celebridades

angolano

19 Setembro 2019 10:56

vocês não investigam??isso quem usava são as gueixas até os menos atentos sabem que é uma cultura japonesa

goo

19 Setembro 2019 10:52

não investigam dá nisso

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Dia de África, partilha de ’African Dream’

 


Dia de África, partilha de ’African Dream’25 maio 2022

Quero novas imagens neste solo de Cabo Verde africana nação crio(u)la, de todas as cores e tons da universalidade. African Dream, a África com novas imagens que ressumam as nossas alegrias. As alegrias duradouras que resultam de uma visão própria, concretizada numa planificação, vontade executiva, empreendedorismo unindo a ação coletiva.

Dia de África, partilha de ’African Dream’

O tema do American Dream, por vezes combinando ’sodade’, ’separason’, ’dzuspér’, ’seka’, ’fome’, ’partida /ora di bai’, ora em aliança ora em antinomia, avulta dentre a diversidade de temas tratados na música – e a partir dos quais muitos de nós, dentro e também fora do país, construímos uma certa imagem de Cabo Verde.

Partir é realizar um sonho, mas com a esperança de voltar. Porquê? Que sonho levou este a sair, viver meio século fora e de olhos postos nesta casinha branca para lhe receber os ossos? Pergunto-me neste sábado à tarde, no alto da saudade derradeira. A sua última estação onde um familiar veio depor por ele, querido extinto, a sua cruz, agora não literal e só metafórica: as últimas cinzas.

Daqui avisto o centro da antiga Povoação de Santa Cruz, foz de duas ribeiras. Como as viu a primeira caravela, das vindas da costa, nesse dia 17 de Janeiro da Era de Quatrocentos. Navegando ao vento por este mar, única saída duma Europa com fome – de fome literal e também metaforicamente faminta, vendo a miragem milenar do Jardim das Filhas do velho Héspero, Insulae Fortunatae, Hesperitanae Insulae. Insula, ilha a oeste, avistada do mar na caravela vinda vendo real mais miragem e sonho projetados. Rica África.

Daqui, metafórica janela, também tenho neste domingo, Dia de África, vista para o mundo. Da minha janela interior, o meu olhar é global para este presente e futuro informados pelo conhecimento do passado. As idas e vindas vendo da janela: “na Merca de nôs sonhe/na Merka de nos sonhe” não são só os tiroteios ou mais um suicida interpelando o Pai, nem são mais uns drones lançados sobre amigos de ontem. Desta vez, são as denúncias pelo diário novaiorquino mais respeitado: nestes últimos cinco anos, mais de dois milhões de imigrantes ilegais, a maior parte africanos, foram, estão a ser deportados. Um lustro que marca um triste recorde!
Mas há mais: enquanto esperam a hora da deportação são encerrados em centros de detenção onde podem esperar semanas, meses e anos. E para que esses centros funcionem, é o próprio Governo Federal que está a utilizar a mão-de-obra aí à mão de semear. Tudo de acordo com a lei, que é da Era McCarthy, sem correção monetária. Tudo legal: se a lei diz que o trabalho do detento pode ser remunerado, a paga é de um dólar por dia de trabalho. Se a lei não prevê pagamento em dinheiro, faz-se em espécie, por exemplo, xis dias de trabalho em troca de um dia fora, num centro de recreação supervisionado. American Dream crio(u)lo?! Vou mudar de chip!

Daqui também neste domingo, Dia de África, partilho o meu African Dream e garanto a quem me lê que todos os dias ponho uma pedrinha para realizar este desafio:

Quero novas imagens neste solo de Cabo Verde africana nação crio(u)la, de todas as cores e tons da universalidade. African Dream, a África com novas imagens que ressumam as nossas alegrias. As alegrias duradouras que resultam de uma visão própria, concretizada numa planificação, vontade executiva, empreendedorismo unindo a ação coletiva.

(in ScientiaEtPoesia.blogspot.com, 1ª publicação 24.mai.014)

PS: Na hora de ilustrar, ao fim de horas a dar voltas, a decisão recai sobre esta sublime peça de arte de Julie Mehretu, do Quénia.

terça-feira, 24 de maio de 2022

Verba da ortografia — ’O desafio económico da ortografia’ no Dia do Professor Cabo-Verdiano

 

Verba da ortografia — ’O desafio económico da ortografia’ no Dia do Professor Cabo-Verdiano23 abril 2022

23 de abril, Dia do Professor instituído em memória de Baltasar Lopes. O centésimo-décimo-quinto aniversário calha ao sábado, que é bom para iniciar este ’Verba da ortografia’: secção que visa apresentar /anotar artigos publicados sobre a NNO-Nova Norma da Ortografia. Começamos com ’O desafio económico da ortografia’, de 09.maio 2019.

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Verba da ortografia — ’O desafio económico da ortografia’  no Dia do Professor Cabo-Verdiano

"Mas esse acordo ortográfico não foi invalidado"? Perguntaram-me em 2017. Voltaram a perguntar-me há dias uns jovens que disseram que uma professora da área lhes dissera que sim.

É verdade que as mudanças ortográficas têm suscitado muita reação epidérmica, e tal é compreensível se pensarmos no extraordinário esforço que para muitos de nós foi a aquisição das regras da escrita e em especial das regras ortográficas. Saiu-nos do pelo/da pele, dirão os mais velhos, cobaias das velhas pedagogias.

As reformas ortográficas são as responsáveis pelo estado caótico da ortografia. Esta é uma ideia defendida em épocas diferentes e em diferentes línguas.

É verdade que as mudanças ortográficas têm suscitado muita reação, e tal é compreensível se pensarmos no extraordinário esforço que para muitos de nós foi a aquisição das regras da escrita e em especial das regras ortográficas.

O maior poeta do século XX, Fernando Pessoa, nunca se adaptou à escrita de 1911 e suas sucessivas revisões. Todavia, há mais de 30 anos que é tema obrigatório do exame que permite entrar para a universidade. Claro que o tiveram de atualizar! Mas se alguém ousasse tal tipo de atualização neste ’paralelo 14’, a Laureta assentaria o pelo/a pele.

Mesmo tendo começado por escrever "mãe", depois "mãi" e de novo "mãe", Saramago encontrou o caminho facilitado. Tanto assim foi que acelerou na estrada... só para chegar a novas pontuações, só suas – o que para mim é, na prosa, falta de bom senso.

Nada substitui os 99% de transpiração

Gosto muito de citar o célebre ditado de Mérimée, que em 1857, ao testar, a pedido da imperatriz Eugénia, os conhecimentos de cinco notáveis levou-os a dar em 180 palavras respetivamente 75, 62, 14, 19 e 3 erros. Por esta ordem: o imperador Napoleão III, a sua imperatriz, Eugénia, os escritores Alexandre Dumas Filho e Octave Feuillet, o embaixador da Áustria, Metternicht. Note-se que o austríaco tinha como língua materna o alemão, de escrita mais fonético-fonológica, tal como, segundo reza a CRCV, as nossas duas “línguas nacionais” (a materna em curso de ser escrita em alfabeto cabo-verdiano, que alguns chamam, se bem que démodé, ‘alupec’).

Empresas em França têm por tradição instituir programas formativos que visam incentivar os seus funcionários a escrever bem. E no entanto, raro é encontrar com a virtude intacta (de erros) as atas ou memos, já para não dizer os relatórios. Como se pode ler nos online nem a mais simples nota consegue chegar ao destinatário virgem (de erro).

A culpa é das regras da língua em questão? E se a resposta for que na aprendizagem nada substitui os 99% de transpiração?

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Notas ao supra: A continuar

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Tríplice Aliança é neologismo ?

Neste maio de incerteza, ressurge-nos o "neologismo" Tríplice Aliança/tríplice aliança -- que as obras de referência associam às guerras europeias de fins do século XIX. Mas no mesmo sábado e domingo, a webesfera traz de volta a expressão, para referir duas realidades diferentes:  a guerra na Ucrânia e  a situação criada por uma imigração ilegal de alemães no Paraguai. Logo que possível, publicarei aqui um artigo elucidadtivo. Por enquanto, note-se o uso metafórico da expressão no artigo a seguir.


Japão recebe G20 sob pano de fundo da crise da Nissan-Renault23 abril 2019

O primeiro-ministro japonês anfitirião da cimeira do ’Grupo dos Vinte’ em junho iniciou em Paris esta segunda-feira, 22, o périplo mundial de preparação que o vai levar, durante os próximos dias até 29, aos Estados Unidos, Canadá, Itália, Bélgica e Eslováquia.

Japão recebe G20 sob pano de fundo da crise da Nissan-Renault

A Cimeira G20 2019 é organizada pelo Japão e terá lugar na terceira maior cidade, Osaka, a mais industrializada. Em 2018 foi a capital argentina, Buenos Aires enquanto no anterior foi Hamburgo a cidade portuária alemã.

Nas presidências chinesa, turca e australiana, respetivamente de 2016, 2015 e 2014 também não foi a capital a sediar as cimeiras mas Hangzhou, Antalya, Brisbane. Em 2013, a presidência russa sediou o evento na capital, Moscovo, tal como em 2010 e 2008( a 1ª) nas presidências sul-coreana, inglesa e americana com a cimeira a ter lugar em Seul, Londres e Washington, respetivamente. Mas em 2012, 2011, 2010, 2009 nas presidências mexicana, francesa, canadiana (a meias com a Coreia do Sul) e americana (2ª vez) também não foi a capital a sediar as cimeiras, mas respetivamente Los Cabos, Cannes, Toronto e Pittsburgh.

O Japão no vigésimo aniversário do G20 preside, pois, ao organismo fundado em 1999 para concertar políticas financeiras entre os seus vinte membros — Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, África do Sul, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Indonésia, Itália, Índia, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.

França-Japão no meio da crise da Renault-Nissan-Mitsubishi


A menos de dois meses do grande dia que em junho vai reunir em Osaca/Osaka os vinte países, Abe faz uma jornada de uma semana à França, Estados Unidos, Canadá, Itália, Bélgica e, algo surpreendente, à Eslováquia.

O encontro Macron-Abe acontece sob o pano de fundo da crise que, com a prisão do super-presidente Carlos Ghosn, se abriu na tríplice aliança das multinacionais automobilísticas Nissan-Renault-Mitsubishi.

O brasileiro Ghosn, e trinacional francês e libanês, foi no último dia 4 detido pela quarta vez no caso de corrupção de que é acusado pela Nissan — marca que ele salvou da falência há 20 anos. Ele clama a sua inocência e aponta que há traição por parte da direção da Nissan para evitar a fusão por ele idealizada entre a marca japonesa e a francesa.

Cimeiras de Osaka e de Biarritz

O primeiro-ministro Shinzo Abe exerce a presidência japonesa do G20 e como tal será o anfitrião da ‘Cimeira G20 de Osaka’, a 13ª desde 2008, prevista para junho próximo.

A presidência francesa do G7 está por seu turno a organizar a Cimeira G7 de Biarritz, agendada para fins de agosto.

A reunião Abe-Macron desta terça-feira tem o objetivo, segundo o palácio do Eliseu, de “consolidar os intercâmbios bilateraies à volta de três eixos: a cooperação na zona do Pacífico, as parcerias na indústria e na cooperação económica, e a prossecução das trocas culturais, na continuidade da iniciativa ’Japonismes 2018’ e na organização em 2021 da iniciativa cultural francesa no Japão”.

Abe segue para os Estados Unidos onde desde o dia 15 arrancaram as negociações comerciais entre Washington e Tóquio/Tokyo, para tentar chegar a um acordo bilateral, enquanto que o presidente Donald Trump ameaça impor taxas aduaneiras ao setor automobilístico.

Japão: Novo imperador Naruhito em histórica ascensão ao trono — Trump é convidado

O primeiro de maio, daqui a nove dias, marca a ascensão ao trono do novo imperador que recebe a coroa imperial do pai vivo, Akihito.

O presidente Trump tem a intenção de ser o primeiro chefe de Estado a encontrar-se com o novo imperador.

Fontes: Le Monde/Japan Times/Bloomberg/. Fotos (Reuters). 1ª. Carlos Ghosn em vídeo durante conferência de imprensa do dia 9 em que esteve ausente: “Se estão a ver este vídeo é porque fui de novo detido”. 2ª. Macron e Abe em outubro em Paris, poucos dias antes da primeira detenção de Ghosn, em novembro transato.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Etiópia: PM Nobel da Paz manda tropas fazer guerra em Tigray

 

Etiópia: PM Nobel da Paz manda tropas fazer guerra em Tigray08 dezembro 2020

O primeiro-ministro "reformista" Abiy Ahmed que aos 43 anos recebeu o prémio Nobel da Paz de 2019 — e discursou sobre "a guerra que faz os homens amargos, desalmados e selvagens" — está a realizar uma operação bélica na região rebelde de Tigray. Motivo: o Governo de Transição de Tigray declarado pela Casa da Federação Etíope em 7 de novembro.

Etiópia: PM Nobel da Paz manda tropas fazer guerra em Tigray

O conflito estalou em novembro, cerca de dois meses após o governo regional na província nortenha de Tigray ter levado avante a consulta popular, em 9 de setembro, contra a recomendação do governo federal. O surto pandémico em curso foi a justificativa para adiar até setembro de 2021 as eleições gerais — legislativas e eleição presidencial — previstas há dois anos para terem lugar em agosto deste ano.

A decisão do governo federal etíope — apoiado pelo partido EPRDF-Frente Democrática Revolucionária do Povo da Etiópia e contestado pelos partidos da oposição pela alegada má gestão da pandemia de Covid-19 (atualmente com 1.755 óbitos e mais de 113 mil infeções) — foi enviar tropas das províncias "etíopes" e da Amhara.

A atribuição de cargos dirigentes a funcionários do grupo étnico Amhara, à medida que as tropas conquistam partes do território Tigray, em nada contribui para solucionar o conflito armado sobre o qual há duas versões.

Uma versão dá conta de que pelo menos três centenas de civis morreram, enquanto o chefe do governo garantiu ao parlamento na última segunda-feira, que os soldados federais não mataram um único civil no conflito iniciado há um mês. Outra garantia foi que o exército federal tem instruções para não destruir a histórica Mekelle, a capital da província de Tigray.

A presidente, as dez ministras em paridade e cargos relevantes

Há dois anos, a tomada de posse da primeira presidente, e atualmente a única chefe de Estado em toda a África, coincidiu com a remodelação paritária que o primeiro-ministro "reformista", Abiy Ahmed — Nobelizado pela sua "iniciativa decisiva", "para solucionar o conflito com a Eritreia — realizou e torna a Etiópia o terceiro país em África, depois do Ruanda e Seychelles, a alcançar a "paridade de género" no governo.

Sahle-Work Zewde — então representante especial do secretário-geral das Nações Unidas e com um importante currículo de diplomata, como embaixadora em França, Djibouti, Senegal e Cabo Verde — foi escolhida por unanimidade pelos parlamentares, para substituir o quarto presidente — Mulatu Teshome, de 53 anos, que não concluiu o mandato de seis anos por motivos que nunca foram divulgados — a quem o discurso inaugural da novel presidente, de 68 anos, dirigiu elogios com o apelo ao povo "para olhar o futuro como o anteviu Mulatu Reshome".

Em 5 de outubro, a chefe de Estado etíope esteve no parlamento, em Adis Abeba, para assegurar que as próximas eleições acontecerão antes de setembro de 2021 e serão "livres e justas". Garantiu que estão a ser criadas as condições — incluindo a renovação da comissão eleitoral — para o plebiscito decorrer "em paz, estabilidade e segurança".

No mês seguinte, o conflito em Tigray compromete as afirmações da estadista.

Ministra da Defesa, ministra da Paz

Um ano depois, correm pelo globo interrogações sobre as nomeações mais importantes do governo partitário de Abiy Ahmed: as ministras da Defesa, Aisha Mohammed, e da Paz, Muferiat Kamil, responsável pela "polícia e agências de inteligência interna".

Fontes: BBC/Le Monde/CGTN. Relacionado: Etiópia elege 1ª Presidente da República, 26.out.018; Etiópia: Nobel da Paz para primeiro-ministro que solucionou conflito com Eritreia, 12.out.019. Fotos (Getty): Em Oslo o primeiro-ministro recebeu o Prémio Nobel da Paz de 2019 e discursou sobre "a guerra que faz os homens amargos, desalmados e selvagens".

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Atualidade

 朝鲜:30个月后第一例Covid-19病例抵达

Coreia do Norte: 1º caso de Covid-19 chega 30 meses depois12 maio 2022

Pyongyang anunciou hoje um confinamento nacional, devido aos primeiros casos de Covid registados na capital. A República Norte-Coreana terá durante mais de dois anos conseguido evitar a entrada do coronavírus de 2019 que abalou o mundo.

Coreia do Norte: 1º caso de Covid-19 chega 30 meses depois

A informação divulgada pela estação oficial (foto) foi de imediato difundida e comentada globo fora, com a imprensa "ocidental" a prognosticar as desastrosas consequências da Covid-19 nas ambições da Coreia do Norte.

Além do confinamento, Kim ordenou neste mesmo dia (quinta-feira, 12) mais um lançamento de um míssil intercontinental. A resposta a antecipar os prognósticos sobre um "efeito de tsunami nas ambições nucleares" do país tido como o mais secretivo de todos.

Zero vacinas anti-Covid

Como irá a República Norte-Coreana combater a Covid-19, dado que o país não aderiu às medidas de prevenção traçadas pela OMS?

Dúvidas

A afirmação de que "a República Norte-Coreana durante mais de dois anos conseguiu evitar a entrada do coronavírus de 2019", um caso (quase) único no mundo tem sido recebida com muito ceticismo ao longo deste tempo.

Em setembro último, a imprensa oficial norte-coreana informou que tinham sido "aplicadas penalizações a funcionários que infringiram as regras sobre a Covid". Não foi porém especificado do que se tratava.

Fontes: BBC/KCNA/SCMP. Fotos: Imagens de desinfestação estão a ser difundidas nos media norte-coreanos. Ao anunciar os primeiros casos de Covid-19 esta quinta-feira, o presidente Kim Jong-Un apresentou-se pela primeira vez a usar a máscara anti-Covid.


--- cháo xiǎn :30 gè yuè hòu dì yí lì Covid-19 bìng lì dǐ dá 

terça-feira, 10 de maio de 2022

Missão chinesa regressa do Espaço

 


Estação Espacial Internacional, paz ou guerra no espaço?

China poderosa no espaço: 3 regressam da estada mais longa na estação espacial Tiangong

Este sábado de Páscoa, três astronautas do projeto Tiangong regressaram à Terra ao fim de 183 dias no espaço. É a mais longa missão tripulada da China ambiciosa de ser a próxima potência espacial.

A TV estatal, CCTV, transmitiu em direto do deserto de Gobi, na região norte da Mongólia Interior, a chegada às dez e meia (menos 09 H em Cabo Verde) da cápsula espacial Shenzhou-13 com os astronautas Zhai Zhigang e Ye Guangfu, e a astronauta Wang Yaping.

Os três astronautas — resgatados de helicópteros do local de pouso, por entre uma nuvem de poeira — afirmaram que estão "a sentir-se otimamente", neste seu regresso depois de passarem seis meses no módulo central Tianhe/Harmonia do Céu, da estação espacial chinesa Tiangong.

Marcos da missão

Para a história regista-se que Wang Yaping — de 42 anos e piloto de transporte militar — é a primeira chinesa a realizar uma caminhada espacial. Treze anos depois do primeiro chinês, precisamente Zhai, hoje com 55 anos.

Zhai, que comandou esta missão, é um ex-piloto de caça. Ye, de 41 anos, é também piloto militar.

Nos seis meses em órbita, desde outubro, o trio completou duas caminhadas espaciais, realizou inúmeros experimentações científicas, montou equipamentos e testou tecnologias para futuras construções.

Também deixam preparados as instalações e equipamentos da cabine para a tripulação do Shenzhou-14, previsto para ser lançado nos próximos meses.

Eles foram a segunda das quatro missões 2021-2022 enviadas para montar a primeira estação espacial permanente chinesa, Tiangong/Palácio celestial.

Aulas de física para liceaisRetour ligne automatique

O trio também lecionou a primeira aula transmitida da estação espacial. Os alunos que assistiram vão poder em breve ter acesso aos materiais utilizados nessa videoaula.

Estação Espacial Internacional, paz ou guerra no espaço?Retour ligne automatique

As ambições espaciais da China traduzem-se já em biliões de dólares que colocou no programa espacial militar, com esperanças de ter uma estação espacial permanentemente tripulada até o final deste ano.

É inevitável a colisão com os interesses da primeira potência, que proibiu a NASA de cooperar com o rival. Isso foi logo em 2011 — o ano do lançamento do projeto Tiangong, cujo primeiro módulo virou notícia quando "caiu descontrolado em 03 de abril de 2018, no Pacífico Sul".

A segunda maior economia — com planos de igualar-se aos EUA e Rússia, que têm décadas de experiência em exploração espacial —tem o objetivo imediato de construir uma base na Lua, e a Administração Espacial da China conta lançar uma missão lunar tripulada até 2029.

Nesse contexto competitivo, a China não tem planos para usar a estação espacial em cooperação global na escala da ISS, mesmo se diz estar aberta à colaboração estrangeira. Mas sem precisar como e até onde pode ir essa cooperação.


Fontes: Xinhua/ STR/AFP/ABC/ Fotos: Xinhua/arquivo 

sexta-feira, 29 de abril de 2022

 

"Estou chocado" , reage Guterres em hora má: Missão de paz na Rússia falha: Kiev é bombardeada durante visita oficial do SG-ONU

29 abril 2022

Esta sexta-feira, dois dias após a visita do secretário-geral da ONU em missão de paz em Moscovo na quarta-feira e Kiev na quinta, o Ministério de Defesa da Rússia anunciou "o êxito no lançamento de mísseis na capital ucaniana". António Guterres expressou o seu "choque" perante a agressão durante a visita oficial — "Estou chocado com a explosão de dois mísseis na cidade onde estou" — e de que resultou a morte de uma pessoa.

No mesmo dia pouco antes do ataque de mísseis russos, na quinta-feira, o secretário-geral da ONU esteve reunido com o presidente Zelensky e visitou vários lugares onde ocorreram massacres de ucranianos pelos invasores russos.

"Onde há guerra, quem paga o preço mais alto é a população civil. No nosso século, a guerra é um absurdo total. A guerra é o Mal e perante situações como esta, é claro que o nosso coração se coloca ao lado das vítimas", disse em conferência de imprensa após a visita a vários lugares com marcas da guerra, nas cercanias da capital da Ucrânia, país que Guterres classificou como "o epicentro de dor e sofrimento insuportáveis".

O ministro de Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, condenou o lançamento dos dois mísseis como "um ataque que visou diretamente o secretário-geral das Nações Unidas".

Filha tem acidente em falésia algarvia

Na mesma tarde desta quinta-feira, Mariana Guterres, de 36 anos, caiu de uma arriba (elevação costeira) quando estava numa praia algarvia com o namorado de nacionalidade norte-americana, de 23 anos (foto inserida). Resgatados ao início da tarde pelos bombeiros, "apresentavam diversas escoriações no corpo" e foram encaminhados para o Hospital de Portimão, referiu a Autoridade Marítima Nacional.

A filha de António Guterres falou à agência Lusa e explicou que foi pouco depois das 13 horas (11 H em Cabo Verde) que se deu o acidente. Entenda-se: aproximadamente à mesma hora (Lisboa e Kiev têm 2 H de diferença) em que o chefe da ONU dirigia "palavras duras que nunca se ouviu de um SG da ONU" e horas antes de Guterres in loco e "chocado" assistir ao bombardeamento no centro de Kiev.

O ataque russo está a ser interpretado pelo seu "grande simbolismo": é tido como "um desafio russo ao chefe máximo da ONU".

Fontes: Times of Japan/AP/BBC/Lusa... Fotos (AP/Getty): A longa mesa (4-6 metros do Kremlin voltou a ser usada na quarta-feira, na visita do chefe da ONU, após Scholz e Macron. Uma morte e destruição em Kiev bombardeada na quinta-feira, dia da visita oficial do SG António Guterres.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

 

48º ano da Revolução que derrubou a ditadura — Ideias novas, palavras de sempre25 abril 2022

Hoje livres para atirar a boa pedra que tira do seu torpor o charco, nós com toda a inteligência que a distância alcança, interrogamo-nos: O que fizemos para merecer  a liberdade devolvida em abril, esse do começo da renovação das palavras: a gaivota passou a ser a das asas da livre expressão; a paz passou a significar o refrão na canção revolucionária doravante omnipresente.

45º ano da Revolução que derrubou a ditadura — Ideias novas, palavras de sempre

Em abril há quase meio século antevíamos já passar da bata branca para a azul-céu que marcava a entrada no ciclo, daí a menos de seis meses – parecia então uma eternidade.

Em abril, começou a renovação das palavras. A gaivota já não era a do Fernão Capelo Gaivota, na capa do livro na estante da sala ao lado da aula da quarta classe. A gaivota que sonhava voar por voar.

Paz, do ‘deixa-me em paz’ das duas ou três línguas do quotidiano, passou a ter outro significado: era o refrão na canção revolucionária que passou a estar omnipresente.

 O que fizemos para merecer  a liberdade devolvida em abril, porque -- lembrou-se por aqui que "só praguejar aquele fascismo de há 80 anos não basta". "Há que ter muita coragem e inteligência, para enfrentar este fascismo democrático, selvagem".