sexta-feira, 10 de outubro de 2014


Ébola ou (falso) nativo: uma questão de tom?

 

É um vírus e está no centro da atualidade mediática, a nível  mundial. Em todos os meios de comunicação, encontramos destacada a nova epidemia causada pelo Eboravirus (em Latim científico), do nome do rio que banha a localidade onde foi detetado o primeiro caso  em 1976.

Aos lusofalantes, e não só aos que têm o ouvido treinado em Linguística, desperta irresistivelmente a sua atenção o facto de que há duas formas fonéticas que têm surgido na Língua Portuguesa. Ébola, esdrúxula (a de Portugal: P1). Ebola, grave (a do Brasil: P2). Querem compreender porquê as  diferenças  e sobretudo saber como devem dizer. Qual está correta? Ou é correto dizer das duas maneiras? O meu corretor só dá erro na segunda forma, mas já sei que nem sempre tem razão. Toca a examinar o assunto:

 Como é que as línguas de maior difusão internacional acentuam esta palavra (e-bo-la)?

Tipo de acento em
Português 1
Português 2
Espanhol
Francês
Inglês
1
2
1
3
1

1.       Acento na primeira sílaba. 2. Na segunda. 3. Na terceira.  

(N.B.: Se o francês generalizou a sua regra acentuando sempre a última sílaba, diferente têm evoluído o português, espanhol e italiano: nestas línguas novilatinas com regras de acentuação semelhantes, “1” corresponde, neste caso, a uma acentuação esdrúxula (proparoxítona na terminologia científica atual). Contudo a classificação deste tipo de acento não serve ao inglês (que em regra acentua a primeira sílaba), dada a estrutura gramatical, e especificamente fonológica, diferente.)

O que predomina nestas línguas, acima: a adaptação ou a conservação?

Para responder, há que procurar compreender se é possível estabelecer uma comparação entre o sistema acentual,  que mostramos acima,  e o da língua original dos habitantes da região banhada pelo rio Ebola. Por outras palavras, como é que os habitantes ribeirinhos ao Ebola pronunciam esse nome.
(A continuar)

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