Ébola ou (falso) nativo: uma questão de tom?
É um vírus e está no centro da atualidade mediática, a
nível mundial. Em todos os meios de
comunicação, encontramos destacada a nova epidemia causada pelo Eboravirus (em Latim científico), do nome do rio que banha a localidade onde foi detetado o primeiro caso em 1976.
Aos lusofalantes, e não só aos que têm o ouvido treinado em Linguística,
desperta irresistivelmente a sua atenção o facto de que há duas formas fonéticas que têm surgido na Língua Portuguesa. Ébola,
esdrúxula (a de Portugal: P1). Ebola, grave (a do Brasil: P2). Querem compreender porquê as diferenças e sobretudo saber como devem dizer. Qual está
correta? Ou é correto dizer das duas maneiras? O meu corretor só dá erro na segunda forma, mas já sei que nem sempre tem razão. Toca a examinar o assunto:
Como é que as línguas
de maior difusão internacional acentuam esta palavra (e-bo-la)?
Tipo de acento em
|
Português 1
|
Português 2
|
Espanhol
|
Francês
|
Inglês
|
1
|
2
|
1
|
3
|
1
|
1.
Acento na primeira sílaba. 2. Na segunda. 3. Na terceira.
(N.B.: Se o francês generalizou a sua regra acentuando sempre a última sílaba, diferente têm evoluído o português, espanhol e italiano: nestas
línguas novilatinas com regras de acentuação semelhantes, “1” corresponde,
neste caso, a uma acentuação esdrúxula (proparoxítona na terminologia
científica atual). Contudo a classificação deste tipo de acento não serve ao
inglês (que em regra acentua a primeira sílaba), dada a estrutura gramatical, e
especificamente fonológica, diferente.)
O que predomina nestas línguas, acima: a adaptação ou a conservação?
Para responder, há que procurar compreender se é possível estabelecer
uma comparação entre o sistema acentual, que mostramos acima, e o da língua original dos habitantes da
região banhada pelo rio Ebola. Por outras palavras, como é que os habitantes ribeirinhos
ao Ebola pronunciam esse nome.
(A continuar)
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